Um mulher da Alemanha resolveu desafiar seu relógio biológico e se submeteu à uma inseminação artificial aos 65 anos. O resultado foi uma gestação múltipla, de quadrigêmeos. Annegret Raunigk está na 21ª semana de gravidez e diz estar se sentindo bastante 'saudável'. As informações são da BBC news.
A alemã parece mesmo ter nascido para ser mãe. Ela já deu à luz outras 13 crianças – a mais nova nasceu dez anos atrás.
Se a gravidez seguir conforme o esperado, Raunigk será considerada a mulher mais velha a dar à luz quadrigêmeos – ela não será, porém, a mulher mais velha a dar à luz, já que esse "recorde" pertence a Maria del Carmen Bousada Lara, que teve gêmeos na Espanha em 2006 aos 66 anos. Alguns ainda dizem que o recorde de 'mãe mais velha do mundo' é de Omkari Panwar – acredita-se que ela tinha 70 anos quando deu à luz gêmeos na Índia em 2008.
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É claro que estas gestações na "terceira idade" não seriam possíveis sem ajuda da ciência. A BBC News/Saúde levantou alguns fatores que explicam esses casos raros:
Óvulos doados
Mulheres que já estão na menopausa precisarão usar óvulos de uma doadora – ou os próprios óvulos caso tenham sido congelados – para poderem engravidar. A fertilidade feminina diminui com a idade, em um ritmo relativamente rápido a partir dos 35 anos – isso varia um pouco de mulher para mulher. Mas tudo depende dos óvulos. Quando chegam aos 40 anos, a quantidade de óvulos de boa qualidade é cada vez menor.
Hormônios
Antes de receber um óvulo fertilizado de uma doadora, os médicos precisarão confirmar se o útero da mulher está pronto para a tarefa. Se tudo estiver OK, elas serão submetidas a uma terapia de estrogênio, para engrossar o revestimento do útero e preparar o ambiente para o embrião.
Quando o óvulo fertilizado é colocado no útero, a mulher precisará tomar mais hormônios para sustentar a gravidez, pois mulheres mais velhas já não conseguem produzir todos os hormônios de que vão precisar.
Acompanhamento especial
Segundo a especialista em fertilização do Centro de Fertilização da Mulher de Birmingham, Sue Avery, "futuras mamães" que são mais velhas vão precisar de um acompanhamento especial e cuidadoso, porque elas correm mais riscos de ter complicações relacionadas à gravidez, como pressão alta ou diabetes gestacional.
No entanto, quando o óvulo vem de uma doadora jovem, isso pode mudar algumas coisas. "Apesar de a grávida ser mais velha, o fato de os óvulos virem de uma mulher jovem faz com que a gravidez seja como a de uma mulher mais jovem, porque tudo tem a ver com hormônios", explica a especialista.
No caso de Raunigks, o número de bebês que ela carrega implica em maior fator de risco do que a gravidez propriamente dita.
Gestações múltiplas – seja de gêmeos, trigêmeos, quadrigêmeos ou mais – são sempre consideradas de maior risco por médicos. Isso porque o número de fetos aumenta a possibilidade de parto prematuro, com nascimento de bebês de baixo peso, e também há mais riscos de complicações para a mãe, incluindo pressão alta e pré-eclâmpsia.
Cesária
Mães mais velhas dificilmente conseguem dar à luz com parto normal. Elas geralmente são submetidas à uma cesariana. O médico dela, Kai Hertwig, disse à TV alemã RTL que gestações de quadrigêmeos costumam ser mais tensas, mas garantiu que tudo está indo muito bem para a paciente.
Após o nascimento
Superados os desafios da gestação tardia, os próximos obstáculos estão ligados às limitações físicas impostas pela idade. Raunigks, por exemplo, não poderá amamentar os quatro bebês por causa da sua idade. Pessoas com mais de 60 anos tendem a ter perdas nutricionais e por isso não têm como dispor seus nutrientes, o que ocorre na amamentação.
Além disso, os primeiros meses podem ser particularmente exaustivos para mães mais velhas. Tarefas consideradas cansativas para a maioria das mães jovens, como dormir poucas horas, trabalhar em dobro e conviver com o cansaço, podem ser potencialmente mais exigentes para mulheres mais velhas. A empreitado promete ser árdua para Raunigks, afinal não se tem a mesma energia aos 45 que se tinha aos 25. Aos 65 então, só com muita disposição e coragem!
Antinatural
Não há um consenso ou diretriz internacional que limite a idade da mulher para se submeter à reprodução assistida. No Brasil, o Conselho Federal de Medicina recomenda que tratamentos de gravidez sejam feitos em mulheres com até 50 anos. Em entrevista ao site da Veja, alguns especialistas em reprodução humana consideraram a gravidez da alemã como antinatural e antiética. (Com informações da BBC News e Veja)