Dormir é um ato vital para o ser humano. Por meio do sono, o corpo renova as energias, regula o metabolismo, realiza a troca e a regeneração celular e libera hormônios essenciais para a manutenção da saúde do corpo e da mente, principalmente nas fases mais profundas do sono como, por exemplo, o Hormônio do Crescimento (GH), e a serotonina, responsável pela sensação de prazer.
Mas, assim como outras características do corpo, o sono também tende a mudar conforme o indivíduo vai envelhecendo. A vontade de dormir tende a chegar mais cedo, a duração do sono diminui e, geralmente, acorda-se com mais frequência durante a noite.
Segundo a Consultora do Sono da Duoflex, Renata Federighi, a mudança do sono com a idade é normal e faz parte de um desenvolvimento biológico. "Isso acontece porque a melatonina, hormônio responsável pela regularização do sono, tem o seu pico máximo de produção no ser humano aos 3 anos de idade e, com o envelhecimento, a sua formação vai diminuindo. Uma pessoa de 60 anos possui a metade de melatonina de um indivíduo com 20", explica. Já aos 70 anos, os níveis são bem mais baixos, chegando, inclusive, a serem nulos em alguns casos.
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É por esta razão que a cada fase a quantidade de sono muda. Um recém-nascido, por exemplo, chega a dormir até 18 horas por dia. Esse tempo diminui para até 10 horas na infância. Já para os adultos, o recomendável é dormir cerca de 8 horas, enquanto os idosos ficam satisfeitos após 5 a 7 horas de sono. "Essa diferença no sono também é importante para o desenvolvimento de cada fase. Um recém-nascido precisa dormir mais, porque nessas horas também são consolidadas as funções orgânicas fundamentais para o seu pleno desenvolvimento. Já o sono para o adolescente é essencial para o seu crescimento, a sua formação neurológica e a maturação de outros hormônios. Quando envelhecemos, a sua importância não diminui, mas como não há tantas necessidades fisiológicas que dependem do sono, o organismo precisa de menos tempo de repouso noturno", acrescenta Renata.
Quantidade x qualidade
Apesar da apreensão que idosos e adultos podem sentir quando percebem que sua rotina de sono está se alterando, a consultora ressalta que o principal não é a quantidade de horas dormidas, mas sim, a qualidade. "Muitas pessoas acreditam que, porque dormem menos, estão dormindo mal, mas nem sempre uma coisa está relacionada à outra. Algumas pessoas chegam a ter as oito horas diárias de sono que necessitam, mas ainda assim se sentem cansadas quando acordam, mau humoradas ou com dores no corpo", esclarece.
Em uma pesquisa realizada nos Estados Unidos, mais de mil adultos foram entrevistados sobre distúrbios do sono e o cansaço diário. Depois de analisados os dados, os pesquisadores constataram que o maior número de reclamações era feito por pessoas com idades entre 18 e 24 anos. Já aqueles que tinham 80 anos ou mais foram os que apresentaram menos problemas na hora de dormir. A pesquisa concluiu que os jovens e adultos estão dormindo mal por conta da correria do dia a dia, estresse da vida urbana, transtornos e hábitos inadequados. "Já está mais do que comprovado que problemas de saúde, como a depressão, a falta de rotina e uma vida atribulada são causadores da má qualidade do sono", destaca Renata.
Sono e cigarro não combinam!
A cada tragada de um cigarro, um indivíduo inspira mais de quatro mil substâncias tóxicas, entre elas, a nicotina, o alcatrão e o monóxido de carbono, todas altamente prejudiciais à saúde. A nicotina, por exemplo, é considerada a mais mortífera e responsável pela dependência química. Além disso, age como estimulante, afetando as ondas cerebrais e os padrões do sono.
Uma pesquisa realizada pela Escola de Medicina Charité Berlin, da Alemanha, mostrou que os fumantes têm mais distúrbios do sono e dormem menos do que os não fumantes. A pesquisa foi feita com cerca de 1.100 usuários de cigarro. Desses, 17% dormiam menos de seis horas e 28% manifestavam dificuldades neste período. Os dados foram comparados ao padrão de sono de 1.200 não fumantes. Nesse grupo foram registrados, respectivamente, 7% e 19% para os mesmos quesitos.
Segundo Renata, ao contrário do que se imagina, os usuários de cigarro não se sentem relaxados e não conseguem alcançar o estágio mais profundo do sono, uma vez que a fase mais leve é constantemente interrompida devido aos efeitos da nicotina. "A substância causa no organismo um resultado parecido com o álcool, podendo ocasionar problemas como ronco, apneia e insônia crônica. Por isso, deve ser evitada por quem deseja um sono reparador e de qualidade", explica.
A especialista ressalta ainda que as noites mal dormidas podem causar inúmeros problemas à saúde. Entre os mais perigosos estão as doenças do coração e o diabetes, que podem ser adquiridas ao longo do tempo. "A privação do sono pode comprometer seriamente a saúde, uma vez que, é durante o descanso que são produzidos alguns hormônios que desempenham papéis vitais no funcionamento de nosso organismo, como por exemplo, o hormônio do crescimento (GH), a serotonina, a melatonina e o cortisol", alerta Renata.
Os tratamentos contra o tabagismo envolvem, além do combate químico contra a nicotina, componentes psicológicos e de condicionamento. Por conta disso, é essencial haver uma mudança de hábito, além do entendimento de que a abstinência provoca reações como irritabilidade, ansiedade, sonolência, inquietação e bradicardia, para assim aprender a lidar com os sintomas. "A adoção de práticas saudáveis como, atividades físicas regulares, alimentação balanceada, rotina regular do sono, postura correta ao dormir, uso de travesseiros adequados ao gosto pessoal e ao biótipo, entre outras, são fundamentais neste processo. Deixar o cigarro pode ser uma tarefa difícil, mas os benefícios que esta medida traz são muito vantajosos", enfatiza.
Como dormir bem?
Especialistas são unânimes ao recomendar algumas atitudes que ajudam a melhorar a qualidade do sono. As orientações valem para qualquer idade, mas com o passar dos anos esses cuidados devem ser redobrados. Veja quais são eles:
Limite os cochilos ao início da tarde, caso você realmente precise deles.
Tenha uma rotina de sono indo dormir em horários parecidos. Alterar muito o momento de ir para a cama pode dificultar o ciclo.
Evite álcool, cafeína e tabaco.
Faça exercícios físicos durante o dia, mas evite a academia depois das sete horas da noite.
Use sua cama apenas para dormir e fazer sexo. Evite trabalhar, ver TV ou estudar nela.
Evite olhar para o relógio quando acorda durante a madrugada.
Mantenha o quarto fresco e deixe o ar circular durante o dia.
Evite focar nas preocupações antes de dormir.
Mantenha o quarto escuro e, antes de dormir, evite focos fortes de luz, como a televisão, por exemplo.
Se a falta ou excesso de sono estiver incomodando muito, converse com seu médico, pois pode ser mais do que o avançar da idade. Dor crônica, depressão e distúrbios de sono devem ser tratados por especialistas.
Serviço:
Duoflex (www.duoflex.com.br)