Aos 30 anos, Nívea Salgado viveu uma situação incomum, mas que atinge outras mulheres. "Todo mês, eu sentia sintomas da gravidez, como sono e enjoo. Achava que era uma questão de tempo ter um filho. Depois de um ano de tentativas frustradas e vários exames, comecei a ler, na internet, sobre falência ovariana precoce. Até que, durante uma consulta, meu médico disse que eu tinha menos de 10% de chance de ter um filho biológico", recorda.
A dentista e blogueira, hoje com 35 anos, faz parte dos 3% da população feminina com menopausa precoce (também chamada de falência ovariana precoce), resultado da interrupção ou escassez da menstruação antes dos 40 anos.
A causa desse problema ainda é desconhecida. O que se sabe, de acordo com Erica Mantelli, ginecologista e obstetra da Clínica Mantelli, é que ele pode estar relacionada a diversos fatores. "O histórico familiar, como o da mãe, pode influenciar. Também existe a chance de ser um efeito de alguns tratamentos, como a quimio e a radioterapia, do tabagismo, de cirurgia ovariana ou de doenças infecciosas, a exemplo da malária", explica.
Os sintomas
Erica esclarece que o corpo pode apresentar diferentes sintomas:
Ondas de calor - São recorrentes em oito de cada dez mulheres. Surgem de forma súbita, acompanhados de suor intenso e desconforto , e duram de 5 minutos a meia hora.
Ressecamento vaginal: além do desconforto, principalmente nas relações sexuais, contribui para a perda do apetite sexual.
Irregularidade menstrual - O fluxo pode ser abundante, desaparecer por alguns meses e voltar em ciclos esparsos.
Dores de cabeça - Em alguns casos, são acompanhadas de perda de memória, insônia e cansaço.
Incontinência urinária - A dificuldade de controlar a vontade de ir ao banheiro também atinge algumas mulheres.
Aumento de peso - Além dos quilos a mais, há perda de força muscular e de massa óssea, com maior risco de osteoporose.
Alterações na pele e nos cabelos: Acontece a queda mais expressiva, o ressecamento da pele e a quebra dos fios.
Oscilações de humor - As mudanças de comportamento podem levar ao aumento da tensão e da ansiedade e à depressão.
Lidando com o problema
Apesar de reduzir para cerca de 10% as chances de uma gravidez, principal motivo de abalo para quem recebe o diagnóstico, a menopausa precoce não deve ser vista como um adeus aos sonhos de ser mãe. Antes de pensar nisso, é preciso procurar um especialista.
"Nem sempre a incapacidade de ovular ocorre de maneira brusca. Meus exames mostravam melhora. Mas meu ginecologista dizia que o quadro não havia mudado e sugeriu que eu procurasse um especialista em infertilidade. Então, na véspera da consulta, eu descobri que estava grávida", lembra Nívea, que hoje compartilha sua história no site www.mildicasdemae.com.br.
Érica explica que são feitas análises físicas e complementares, inclusive dos cromossomos, principalmente em pacientes que ainda não completaram 30 anos. A avaliação servirá também para descobrir se a paciente está passando pelo climatério – transição do período reprodutivo e ao não reprodutivo da mulher, que pode acontecer de dois a três anos antes da pausa definitiva.
Um dos tratamentos possíveis é a TRH (Terapia de Reposição Hormonal), imprescindível quando a menopausa é de origem cirúrgica ou provocada por quimioterapia – mas não recomendada em situações de risco de câncer de mama, trombose ou doença cardíaca.
Previna-se
Como se trata de um problema sem uma causa específica definida e que não costuma dar sinais claros, é importante se prevenir com hábitos saudáveis, como consultar regularmente o ginecologista, praticar exercícios e consumir alimentos ricos em cálcio, como peixes, vegetais verde-escuros, leite de soja enriquecido, leite de vaca desnatado e seus derivados, sementes de abóbora, melancia e tofu, além de evitar o excesso de gordura, frituras, açúcares e massas. (*Fonte: Portal Vital/Unilever)