Após o "Outubro Rosa", novembro agora é azul. O mês e a cor marcam a necessidade do diagnóstico precoce do câncer de próstata. "A chance de cura é de 90% quando um tumor é identificado em seu estágio inicial. Por isso, é fundamental que os homens realizem o exame de próstata a partir de 50 anos", explica o oncologista do Centro Paulista de Oncologia (CPO), Ariel Kann.
Ele explica que assim como outros tipos de câncer, a idade é um fator de risco importante, sendo a incidência progressivamente alta a partir desta faixa etária. Além disso, o histórico familiar em pai ou irmãos antes dos 60 anos de idade pode aumentar o risco de câncer de três 3 a 10 vezes em relação à população geral.
Noventa por cento dos casos de câncer de próstata se apresentam de forma lenta. Para estes, o tratamento convencional consiste em cirurgia ou radioterapia e, em alguns tipos (tumores muito pouco agressivos) apenas acompanhamento com exames. "Em caso de o diagnóstico ser positivo para o câncer de próstata, é necessário esclarecer os riscos e desmistificar o tratamento, para que seja promovida a adesão do paciente, fundamental no processo terapêutico", esclarece Kann.
Em alguns homens a doença já pode aparecer de forma avançada, inclusive com a presença de metástases, em especial, ósseas. Este tipo, que representa 10% dos casos, é considerado mais raro e extremamente agressivo por se disseminar rapidamente. Nestes casos, o especialista relata que houve um avanço na terapia nos últimos cinco anos, com tratamentos novos que usam drogas-alvo, já disponíveis no Brasil. "Hoje o horizonte deste paciente é positivo, sendo tratado o tumor como uma doença crônica", avalia. O tratamento consiste no uso de terapia hormonal intercalada à quimioterapia. Em geral, os resultados são promissores com relação à sobrevida e efeitos colaterais.
A maior parte dos casos são assintomáticos. Os sintomas podem aparecer quando a doença já se encontra na forma mais avançada.
Conheça alguns dos sinais que podem se manifestar:
• Dificuldade para urinar
• Gotejamento final prolongado
• Dor ou ardor para urinar
• Frequência urinária aumentada durante o dia ou à noite
Em casos mais graves:
• Sangramento na urina ou no esperma
• Dor óssea
• Retenção urinária
• Insuficiência renal
Indicadores
Com aproximadamente 68.800 novos casos estimados no Brasil pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), o câncer de próstata é a neoplasia mais incidente entre o sexo masculino no País, atrás apenas do de pele - tipo não-melanoma. Só em São Paulo a perspectiva é de 17.830 novos casos em 2014.
Tratamento
O tratamento de câncer de próstata tem rápida recuperação e todos os possíveis efeitos colaterais são tratáveis de forma cada vez mais acessível no Brasil.
O urologista Luis Seabra Rios, do Hospital Israelita Albert Einstein, explica que a recuperação cirúrgica tem duas fases. Na primeira, que dura de sete a 14 dias, é mantida uma sonda uretral de proteção. "Retirada esta sonda, o paciente volta a urinar espontaneamente e fica em observação, para saber se está tudo bem", explica. Se não houver efeitos colaterais na cirurgia, a rotina normal é retomada em quatro semanas.
Efeitos colaterais
Os efeitos colaterais pós cirurgias estão cada vez menos frequentes, mas – quando acontecem – já contam com um aparato da medicina para resolvê-los. Uma parte dos pacientes pode apresentar disfunção erétil, que varia de acordo com a idade e comorbidades. Outra possível complicação é a incontinência urinária, mais rara. "Incontinências importantes que necessitem de tratamento cirúrgico ocorrem em cerca de 5 a 8% dos pacientes", explica.
Apesar de afetar muito a vida do paciente, a disfunção erétil pode ser resolvida de forma bem sucedida. "Há várias formas de tratamento que incluem medicamentos orais, injeções e implante de próteses penianas. Essas alternativas são bastante eficazes e raramente o paciente deixa de recuperar a função sexual quando busca tratamento", afirma.
Já a incontinência urinária pode ocorrer de forma leve até um ano após a cirurgia. Depois deste período, o paciente deve procurar ajuda médica caso continue apresentando o problema, que tem solução. Nos casos leves e moderados, o tratamento é feito com slings – malhas cirúrgicas que funcionam como um suporte reforçando a sustentação da uretra - e injeções endoscópicas. Nos casos graves, o tratamento recomendado é a implantação de uma prótese, chamada de esfíncter urinário artificial.
A boa notícia é que, desde o começo do ano, brasileiros com incontinência urinária começam a receber autorização dos planos de saúde para colocar esta prótese, considerada o padrão ouro da medicina. Até então, para ter direito à cirurgia – única eficaz nos casos graves - era preciso recorrer à justiça.