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Cesariana antes das 39 semanas aumenta chances do bebê apresentar dificuldades respiratórias

22 jun 2016 às 16:12

O assunto é polêmico. A cesariana é indicada quando a gestante ou o bebê apresentam algum impedimento para realização do parto normal. No entanto, no Brasil a situação é diferente. O país está entre os que mais realizam a cirurgia no mundo, a maioria delas ocorre por opção do médico ou da própria paciente. A situação é preocupante especialmente porque muitas dessas
cirurgias são realizadas antes mesmo das 39 semanas de gestação, sem que a mulher tenha sequer entrado em trabalho de parto.

São vários os motivos que contribuem com esta situação: conveniência médica, escolha da gestante e, em um menor número de casos, a necessidade de se realizar a cirurgia. Para atender as gestantes que entram em trabalho de parto ou possuem alguma intercorrência na gestação, foi implementado há cerca de um ano e meio um plantão de obstetrícia 24 horas no Hospital Evangélico de Londrina.


De acordo com o diretor de Mercado e obstetra da Unimed Londrina, Sérgio Parreira, o serviço possibilita que a gestante tenha um parto normal mesmo que o seu médico não esteja presente no momento. "A equipe faz partos normais e cesarianas e está preparada para respeitar a escolha da gestante em cada caso", salienta o médico.


O serviço conta com enfermeiros, obstetra e UTI e UCI preparadas caso seja necessário. Parreira reforça que se o médico que acompanha a gestante não puder atender no momento em que ela entrar em trabalho de parto, ela poderá ir diretamente para o Hospital Evangélico onde terá atendimento garantido pela equipe do plantão.


O médico destaca que, mesmo que a gestante deseje fazer uma cesariana, é importante ela entre em trabalho de parto ou que espere até as 39 semanas para realizar a cirurgia. Pesquisas apontam que bebês que nascem de cesariana antes de completarem 39 semanas de gestação e sem que haja uma justificativa para tal, possuem maiores chances de apresentar dificuldade
respiratória e maior risco de necessidade de internação em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal. "A cesárea teoricamente serve para proteger o bebê e a mãe, mas temos um número alarmante de crianças que nascem desta forma e são encaminhadas para incubadora ou UTI logo após o nascimento", ressalta. Especialistas alertam que as chances de complicações
reduzem se o procedimento cirúrgico for realizado entre 39 e 41 semanas.


Números alarmantes

Conforme dados de uma pesquisa realizada em 2015 pela Fiocruz, entre as pacientes do SUS o número de cesáreas beira os 55%. Quando são levantados os dados das clientes de planos de saúde, o índice chega a 88%. Entre as clientes da Unimed Londrina, mais de 90% faz cesariana e apenas 9,94% faz parto normal. "Não queremos interferir na conduta do médico e nem na
escolha da paciente. O que queremos é orientar que a cesárea eletiva seja realizada apenas após as 39 semanas por uma questão de segurança para a mãe e para o recém-nascido", conclui Parreira.


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