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Casos de sarampo aumentaram 100 vezes em 2013; pediatra esclarece dúvidas

Agência Fiocruz de Notícias
15 mar 2014 às 13:04
- Reprodução
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O sarampo é causado por um vírus chamado Morbili Vírus. É uma doença infecciosa, viral e muito comum na infância. Sua transmissão se dá por secreções das vias respiratórias, como gotículas eliminadas pelo espirro ou pela tosse de pessoas infectadas. O período de incubação, ou seja, o tempo entre o contágio e o aparecimento dos sintomas, é de cerca de doze dias e a transmissão pode ocorrer antes do aparecimento dos sintomas e estender-se até o quarto dia depois do aparecimento de exantema (placas avermelhadas) na pele.

O aumento dos casos de sarampo no Brasil em 2013, persistindo em 2014, despertou a atenção do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz). No ano passado foram 201 registros da doença, número cinco vezes maior que o detectado em 2011 (42 casos) e 100 vezes maior do que os números de 2012 (dois casos). Em 2014, até a sexta semana epidemiológica, (encerrada no dia 8 de fevereiro), o IFF já registrou a notificação de 74 casos, todos eles localizados no Ceará (70) e Pernambuco (quatro). Metade dos registros ocorreu em menores de 1 ano de vida e a maioria entre pessoas sem esquema vacinal completo.

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Como a prevenção do sarampo se dá através da imunização, conforme prevê o Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde (PNI), o IFF convidou o pediatra e especialista em doenças infecciosas pediátricas, Leonardo Menezes, para esclarecer dúvidas sobre os sintomas, tratamento e prevenção da doença.

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Quais os principais sintomas do sarampo e como é feito o diagnóstico?

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Após o período de incubação, o paciente pode desenvolver febre, tosse, conjuntivite não purulenta (olho vermelho), fotofobia (incapacidade de olhar para luz) e coriza (nariz escorrendo). Depois de dois a três dias, nota-se pequenas lesões na mucosa bucal, também conhecida como manchas de Koplik. Essas manchas ficam presentes entre 12 a 72 horas. Outra característica da doença é a manifestação do exantema (rash ou lesões vermelhas) no corpo, começando pela região frontal (nuca ou porção posterior da cabeça) espalhando-se pelos braços e pernas. Após três dias, as manchas se tornam acastanhadas com descamação fina da pele. A febre, habitualmente, é alta (chegando a 40ºC) e tem pico entre o segundo e o terceiro dia do aparecimento do exantema. O diagnóstico da doença é, basicamente, clínico, embora exista a possibilidade de confirmação sorológica.


Quais são as complicações da doença e o tratamento adequado?

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O sarampo pode ter complicações como: diarreia, vômitos, hemorragias, alterações neurológicas (convulsões e encefalites), pneumonia bacteriana secundária e hepatite. Não há tratamento específico disponível. Existem alguns estudos com a utilização de Ribavirina em indivíduos imunocomprometidos. Porém, essa medicação não é licenciada para o tratamento do sarampo. A vitamina A deve ser oferecida em países subdesenvolvidos e em pacientes desnutridos, uma vez, que a suplementação dessa vitamina reduz complicações como pneumonia e diarreia nas populações que possuem deficiência desses nutrientes.


Podemos ter sarampo por mais de uma vez?

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O sarampo produz uma imunidade duradoura em indivíduos saudáveis. O esquema vacinal completo, bem como uma história pregressa da doença confere proteção ao paciente, não permitindo novas manifestações clínicas quando em contato com o vírus numa segunda oportunidade.


Como podemos prevenir o sarampo?

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O sarampo é uma doença de prevenção através da vacinação, conforme previsto no Programa Nacional de Imunizações. A vacina do sarampo é recomendada aos 12 meses de vida, através da tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) e aos 15 meses de vida (reforço), com a tetra viral que protege a criança do sarampo, caxumba, rubéola e varicela (catapora). Em situações de surtos e epidemias, podemos utilizar vacinação de bloqueio e imunização passiva, com aplicação de imunoglobulina standard ou imunoglobulina venosa hiperimune, sempre após o contato com casos suspeitos ou confirmados da doença ou conforme determinação das autoridades de saúde, por meio de campanhas extraordinárias de vacinação.


O que devemos fazer frente a um caso suspeito de sarampo?

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Todos os relatos de febre e exantema devem ser avaliados por um profissional de saúde capacitado em fazer o diagnóstico clínico. Em caso de detecção suspeita, o mesmo deverá ser notificado em até 24h à Secretaria de Estado de Saúde. O médico responsável deverá solicitar a coleta de material (sangue, secreção nasofaríngea e urina) para a realização de diagnóstico laboratorial. Medidas de controle deverão der adotadas (vacinação de bloqueio em susceptíveis e imunoglobulina, especialmente, em grávidas e pacientes imunossuprimidos). Orientar o isolamento social e reforçar a atenção para que o paciente com sinais e sintomas da doença fique em casa até o desaparecimento do exantema.


Existem recomendações especiais para viajantes às áreas de surto ou epidemia e aos participantes de grandes eventos de massa?

Os viajantes e participantes de grandes eventos devem checar seus cartões de vacina. As vacinas desatualizadas ou faltantes devem ser dadas dentro de um prazo de 15 dias antes da viagem ou evento. As crianças de 6 meses a 1 ano, que viajarão para o Nordeste do Brasil, devem receber vacina tríplice viral. É importante ressaltar que essa dose não interfere nas doses realizadas dentro do calendário oficial. Crianças menores de 6 meses devem evitar viajar para esses destinos.


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