A Academia Americana de Pediatria acaba de recomendar o uso de métodos de longa ação, como o implante contraceptivo subcutâneo e o dispositivo intrauterino (DIU), como opções de primeira linha para evitar a gravidez não planejada na adolescência. As novas diretrizes foram publicadas no fim de setembro na revista Pediatrics. A indicação está em consonância com as diretrizes de outras sociedades médicas, como o American College of Obstetricians and Gynecologists.
São duas as razões para essa recomendação: por serem de longa ação, esses métodos oferecem proteção contra a gravidez em longo prazo, podendo durar até três anos (implante subcutâneo), e de cinco a 10 anos (DIU, dependendo do modelo). Em segundo lugar, há a alta eficácia: cerca de 99% no uso típico dos métodos.
Diferentemente da pílula, tanto o DIU quanto o implante contraceptivo não exigem disciplina da mulher, pois não são de uso diário. Além disso, como não são ingeridos, a eficácia é garantida mesmo em caso de vômito ou diarreia. Esses contraceptivos podem ser interrompidos a qualquer momento, caso haja a vontade de engravidar, recuperando a fertilidade preexistente de forma rápida logo após a remoção.
"A recomendação está de acordo com estudos que mostram que os métodos que dependem da administração diária da usuária podem ser suscetíveis a falhas, principalmente entre as mulheres mais jovens", diz a Dra. Cristina Guazzelli, ginecologista e professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
O implante subcutâneo é um bastonete de 4 cm de comprimento com apenas um tipo de progestagênio em sua composição. O hormônio é liberado gradualmente, impedindo a ovulação. Deve ser inserido pelo médico abaixo da pele do braço com anestesia local. Já o DIU é implantado pelo médico no útero, onde libera pequenas quantidades de cobre ou o de hormônio progestagênio, dependendo do modelo. Como nenhum dos métodos previne contra doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), a Academia Americana de Pediatria também recomenda o uso da camisinha em todas as relações sexuais.
Dados sobre gravidez na adolescência
De forma geral, há também outras barreiras que impedem a jovem de se prevenir, como falta de experiência, vergonha de assumir para os pais que precisa de contracepção – e, consequentemente, que já iniciou a vida sexual – e insegurança de exigir do parceiro o uso da camisinha.
Entre as jovens, uma gravidez não planejada pode ser ainda mais nociva. Além de todas as complicações comuns às outras mulheres, adolescentes que se tornam mães podem ter dificuldade para retornar à escola.