Sentir dores nas costas durante a gestação é uma queixa comum nos consultórios médicos. Especialistas estimam que metade das mulheres grávidas experimenta a dor lombar em algum momento da gestação, o que representa um grande impacto na saúde coletiva, uma vez que essas dores causam o sofrimento materno, com afastamentos e consequências nas atividades sociais, laborais e despesas previdenciárias.
Por isso, ortopedistas especialistas em coluna fazem o alerta para a saúde da coluna das "mamães", chamando a atenção para os cuidados preventivos quando a gestação for planejada.
Segundo o médico Gabriel Castro, da Clínica Jaccard – Coluna Vertebral, as causas das dores lombares são múltiplas, decorrentes das transformações no corpo da mulher ao longo dos três trimestres da gestação. "É mais comum que as dores surjam no segundo semestre, localizadas na região pélvica, e não na coluna. Isso ocorre porque uma série de mudanças hormonais leva ao acúmulo de líquido nos ligamentos entre os ossos , tornando-os mais flácidos e as articulações mais frouxas", explica o ortopedista.
É no terceiro trimestre que o volume abdominal da gestante passa a causar um desconforto maior, em que o desequilíbrio de peso desloca o centro de gravidade para frente. Como forma de compensar o tronco, a coluna aumenta a lordose na mulher, provocando dores. Outra mudança significativa no corpo é a dificuldade que o sangue encontra em retornar para o coração, devido o obstáculo que o útero proporciona. Essa congestão venosa na região da coluna
também é a causa de dores.
Para o médico, as dores nas costas, isoladas, relacionadas ao movimento do corpo, não representam um risco para a gestação, apesar do desconforto. Agora, quando estão associadas a outros sintomas, ou quando a coluna dói mesmo durante o repouso, então a grávida deve ser avaliada por um obstetra, para afastar as possibilidades de doenças gestacionais, abdominais ou
infecciosas.
É possível prevenir!
Quando há um planejamento familiar, a avaliação preventiva tem grande importância e efeito, já que o ortopedista não terá restrição na realização de exames de imagens, pelo risco de exposição à radiação. Outro fato é que alguns procedimentos e medicamentos analgésicos também só podem ser administrados "fora" de uma gestação. "O ideal é que a abordagem profissional para a mulher tivesse início no planejamento da gravidez. Uma prévia com um especialista em coluna, alguns meses antes, ajudaria a reconhecer os fatores de risco para o desenvolvimento de dores, como a lombar. E ainda, doenças da coluna que alteram o eixo da mesma, tanto para trás quanto para frente, o encurtamento de tendões e doenças
degenerativas das cartilagens da coluna, são exemplos de condições que podem ser tratadas antes mesmo da gestação", orienta Gabriel.
Quando a mulher já estiver grávida e precisar de auxílio médico para as dores, na maior parte lombar ou pélvica, o tratamento inclui fisioterapia, medicação, reeducação da postura, ergonomia das atividades diárias e no trabalho. O uso de um travesseiro para o apoio abdominal, quando a mulher estiver deitada de lado, ajuda muito.
Já para as mulheres que fumam, a recomendação é rigorosa: devem se esforçar para abandonar o vício. É comprovado que o tabagismo interfere na saúde da coluna, acelerando o desgaste e o enfraquecimento dos ossos, podendo decorrer em graves consequências. "Quanto maior for a dor lombar experimentada pela gestante, maior a chance de ela desenvolver dores crônicas na coluna. Por isso o alerta, de que o melhor tratamento é o planejamento da gravidez não apenas com o obstetra, mas também com um ortopedista. E a orientação é reforçada para as mulheres que já têm diagnósticos de patologias na coluna, ou ainda possibilidades de desenvolvimento de doenças por hereditariedade", recomenda o médico.