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Vallat: boa surpresa nas prateleiras

13 mar 2007 às 11:00

Obra faz parte da recente leva de produções suíço-alemãs e é lançamento discreto que agrada apreciadores de romances noir
- Reprodução
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Curitiba - Começo de temporada de lançamentos no mercado editorial brasileiro de histórias em quadrinhos é sempre assim: as empresas enchem os leitores de expectativa com obras de peso, a exemplo dos recém-lançados ''300 de Esparta'' em formato widescreen e ''O Mundo é Mágico'', e surpreendem com coisas que raramente vêm à tona, seja por falta de popularidade ou pelo interesse do público. E uma das boas novidades do lado ''alternativo'' das prateleiras é ''Vallat - Uma Investigação Dadaísta''.

A Conrad Editora, que trouxe o material ao Brasil, costuma apostar em nichos específicos e consagrados lá fora, como ''Vallat'', um dos recentes expoentes da crescente produção suíço-alemã. Os autores dessa vertente começaram devagarinho, nos anos 70, e hoje já englobam uma tendência, que explora fatos históricos junto de boa dose de ficção para leitores maduros.

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''Vallat - Uma Investigação Dadaísta'' é, em suma, um thriller policial noir ambientado durante a Primeira Guerra Mundial, em 1916. O cenário é a multicultural Zurique, infestada de artistas, autores de vanguarda e outros seres iconoclastas em busca de algo novo, de uma revolução. Eis aqui a pitada de realidade que dá o charme para a edição: a neutralidade da Suíça durante o conflito é o ponto central da questão, no entanto, deixada propositalmente em segundo plano para sustentar o romance policial.

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Romance este que tem como personagem central o inspetor de polícia Charles Vallat, que pretende acabar com uma suposta conspiração anarquista disfarçada de grupo libertário, o Cabaret Voltaire, conhecido por abrigar poetas, cantores, dançarinos, artistas de toda prole, especialmente os que viriam a criar o movimento Dadaísta, um dos mais contestadores da História da Arte no Século XX.

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O roteirista Reto Gloor aposta no clichê noir que faz sucesso, com aquela narrativa cadenciada e cativante, focada nos trejeitos e imperfeições de seus personagens, principalmente do detetive Vallat. O lugar-comum proposital -que também serve de ''porto seguro'' para não afugentar os apreciadores de tramas tradicionais- é quebrado pela habilidade dos artistas Bruno Moser e Massimo Milano, que abusam de técnicas de ilustração em preto-e-branco e na fluência da narrativa, incomum, sempre desprezando o convencional estabelecido pelos norte-americanos.


Moser e Milano deixam claras referências do quadrinho italiano, dos cortes secos, dos ângulos inusitados e do traço fino, bem trabalhado na arte-final.


Serviço - Vallat - Uma Investigação Dadaísta tem 256 páginas, no formato 16 x 23 cm, ao preço de R$ 39.

O material citado acima pode ser encontrado em Curitiba na Itiban Comic Shop: Av. Silva Jardim, 845. Fone: (41) 3232-5367.


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