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Rock gringo e traços brasileiros

27 out 2009 às 13:30
O roteiro de Gerard Way mostra como jovens super-heróis lidam com suas diferenças - Reprodução
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Sai no Brasil ''The Umbrella Academy'', escrita pelo vocalista do grupo My Chemical Romance e ilustrada pelo paulistano Gabriel Bá

Curitiba - ''Esse cara poderia muito bem largar a música e se transformar num roteirista de quadrinhos.'' Esse era o tipo de comentário fácil de ser encontrado em qualquer rodinha de leitura de ''The Umbrella Academy'' escrito pelo astro de rock adorado pelos adolescentes, Gerard Way, do My Chemical Romance. E o pitaco faz juz: tanto o texto, quanto os desenhos do brasileiro Gabriel Bá e as cores de Dave Stewart, além das belíssimas capas de James Jean, fizeram do arco ''Suíte do Apocalipse'' um item premiado e esgotado nas prateleiras. O encadernado chega ao Brasil pela Devir Livraria.

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Bem, a história. ''The Umbrella Academy: Suíte do Apocalipse'' narra o crescimento de um grupo de superseres, sete crianças encontradas mundo afora entre 43 bebês gerados a partir de mulheres aparentemente sem sinais de gravidez. Como todo família problemática, seus membros, ao passo que vão se tornando adolescentes, vão tendo dificuldades em lidar uns com os outros. E esse é o grande charme de tudo isso, enfrentar seus sentimentos e ainda salvar o mundo.

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Estigmatizado como herói teen em formato dark, Gerard Way mostrou, nas letras de sua quase ópera-rock ''The Black Parade'', que sua intimidade com a mente de um jovem vai além da fácil compreensão e verbalização sobre sentimentos difíceis de lidar com pouca idade: o vocalista/roteirista entende o poder de um conto visual.

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Way procura os caminhos mais fáceis para falar de coisas difíceis e usa aventura e cultura pop reunidos em narrativa de blockbuster de verão. Tudo isso seria impossível sem a presença do paulista Gabriel Bá, que, ao lado do irmão Fábio Moon e do gaúcho Rafael Grampá, foi o primeiro brasileiro a conquistar um prêmio Eisner. , influenciado pelos traços de Mike Mignola e seu Hellboy, encontrou um bom equilíbrio entre o trabalho autoral e o material de consumo estadunidense, os super-heróis.



Faz-se necessário lembrar que o capista das edições fasciculadas originais é o sempre inventivo James Jean, famoso pelos belos trabalhos em ''Fábulas'' e ''Arqueiro Verde''. Além disso, o arco ilustrado por teve as cores de um do nomes mais respeitados na indústria estadunidense, Dave Stewart, veterano da Dark Horse que também já pôs a mão em ''Ultimate X-Men'', ''Demolidor'', ''Conan'', ''Capitão América'', entre outros. Ou seja, Gerard Way, Gabriel Bá, Dave Stewart e James Jean, um time e tanto.

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O resultado, com um grupo criativo desse, não foi assim tão inesperado para quem acompanha de perto. Way, Bá e cia. fizeram uma deliciosa e despretensiosa aventura, cheia de ação e drama. A edição nacional coleciona o encadernado gringo junto com a capa nacional feita por Bá, que assina um prefácio antes do texto original, de Grant Morrison. Tem também extras legais, como histórias curtas, seção de desenhos e esboços e outros comentários.



PIXU

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A capa remete a ''Terror em Amitiville''. E o interior... também. Bem, passa longe de ser um plágio, o que ''Pixu'' tem da tradicional história de horror são o tema e o responsável pelo mal: um prédio, equivalente à casa que assombrou os sonhos de muita gente por aí. A edição, que saiu direto nos Estados Unidos e agora chega em português por aqui pela Devir Livraria, vai para as prateleiras nacionais juntamente com ''The Umbrella Academy''.



''Pixu'', como bem explica o início da edição, significa ''marca do mal que prenuncia a morte iminente'' ou ''baço deficiente, termo usado na China que não necessariamente remete ao órgão e que também descreve uma série de funções fisiológicas''. A história, com tom misterioso e subjetivo, como todo bom conto de terror, revela aos poucos a vida de cinco moradores reclusos, afetados pelo prédio onde moram.

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Aos poucos, os autores vão mostrando a relação entre esses vizinhos e a maneira como o prédio os corrompe. Na verdade, o leitor vai sendo convidado, entre imagens perturbadoras, a observar também a maldade que existe em cada um dos personagens.



''Pixu'' reúne o que de melhor quatro autores do quadrinho independente -hoje famosos no meio mainstream- fazem com o preto-e-branco em tons de cinza. Gabriel Bá torna sua narrativa mais flexível e seu irmão gêmeo, Fábio Moon, contrapõe sua leveza e inocência diante da tosquice e o terror. A italiana Becky Cloonan solta o pincel no melhor estilo Paul Pope, enquanto o grego Vasili Lolos, mesmo jovem, exibe arte-final de primeira, como a de um artista veterano. Enfim, uma história de horror com requinte visual.

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QUADRINHOS E EDUCAÇÃO


O professor Waldomiro Vergueiro (USP) e o jornalista e professor Paulo Ramos (do Blog dos Quadrinhos) juntam-se ao jovem Lielson Zeni (formado em Letras e Comunicação Social e Mestre em Estudos Literários pela Universidade Federal do Paraná) para o lançamento do livro ''Quadrinhos na Edução - Da rejeição à prática'', da Editora Contexto. Os convidados batem um papo com o público antes da sessão de autógrafos, nesta sexta-feira (30), às 19h, na Itiban Comic Shop (Av. Silva Jardim, 845), em Curitiba, com entrada franca.

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SERVIÇO


- ''The Umbrella Academy - Suíte do Apocalipse'' tem 192 páginas no formato 16,5 x 24 cm, com capa e interior coloridos e custa R$ 34.


- ''Pixu'' tem 130 páginas no formato , com capa colorida e interior em preto-e-branco, no formato


O material citado acima pode ser encontrado em Curitiba na Itiban Comic Shop (Av. Silva Jardim, 845). O telefone de lá é (41) 3232-5367.

A maior parte dos textos publicados nesta coluna foi publicada na Folha de Londrina, tanto na versão impressa quanto na virtual.


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