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O Rio sob olhar franco-brasileiro

07 nov 2009 às 09:30
Desiderata lança ''Negrinha'', escrita por francês filho de brasileiros, que descreve os contrastes da Copacabana dos anos 50 - Reprodução
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Curitiba - ''Negrinha'', lançamento da Desiderata, é uma história sobre cores. Seja para ilustrar a bela paisagem carioca de Copacabana ou para brincar com as sensações ''frias'' e ''quentes''. Ou simplesmente para enfatizar a metáfora com o preconceito e diferenças sociais. O álbum da Desiderata, que integra as comemorações do Ano da França no Brasil, reúne o relato quase autobiográfico de Jean Christophe-Camus, filho de brasileiros, com as ilustrações do pintor Olivier Tallec.

Na história, Maria, uma ''garota classe média'' de 13 anos que mora na charmosa Copacabana dos anos 50, começa a mostrar interesse por uma diferente faceta do Rio e de seus personagens urbanos. A partir daí, ela busca nas origens de sua mãe/babá as raízes humildes que fazem do povo brasileiro tão alegre e batalhador.

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Jean faz uma verdadeira homenagem à mãe brasileira e costura, entre as paisagens e a cultura da época, um relato bem verossímel sobre o Rio, tanto a eterna aura de Cidade Maravilhosa quanto a violência e a injustiça, diante da discriminação causada pelas diferenças sociais. Está tudo ali, desde o ar esnobe da burguesia quanto a fé dos pobres, os contrastes já exaustivamente retratados sobre Copacabana em outras ocasiões.

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A arte de Tallec, como citado no início, sugere sensações com as cores. As aquarelas de cada quadro poderiam estar em uma exposição, pode exemplo. Sua composição a partir do que as cores dizem tornam a narrativa simples e muita bela. Assim fica fácil, por exemplo, compreender a surpresa da descoberta e decepção, da tristeza e satisfação, por meio das reações de Maria.

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Enquanto não sai a continuação de ''Negrinha'', já em andamento, o público brasileiro pode conferir como arte e diversão podem andar juntos. Principalmente em um álbum com um cuidado editorial digno dos publishers norte-americanos e europeus.



SUBVERSOS

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Graças à paixão que move fanzineiros Brasil afora, toda comunidade de adoradores de quadrinhos está sempre querendo montar um revista para mostrar o trabalho de gente talentosa, material que costuma ficar dentro das gavetas. A dificuldade é balancear, entre novatos e profissionais, histórias bacanas e representativas, de poucas páginas, que se sustentem por si só, sem explicações. E isso é bastante evidente em coletâneas como a ''Subversos'', que chega à quarta edição, com patrocínio da Secretaria de Cultura da Prefeitura da Cidade de São Paulo e distribuição da Devir Livraria.


A ''Subversos'' (não confunda com ''Subversivos'', de André Diniz e José Aguiar) nasceu no ano passado, com financiamento do Programa Valorização de Iniciativas Culturais, e, desde então, vem reunindo autores interessados em incentivar a leitura de quadrinhos para o chamado público casual, que não costuma ir em bancas comprá-las. Por isso mesmo, parte da tiragem vai para bibliotecas da capital paulista.

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Editada por Akira Sanoki, Alexandre Manoel e Igor Shin, a revista seleciona autores de um forma bem democrática. Basicamente, quem quer mostrar a que veio entra em contato por meio da internet, via blog. O tema é sempre ''Cotidiano Urbano'' e para esta quarta edição foram escolhidos 22 autores de Minas Gerais, São Paulo, Ceará, Rio de Janeiro e até do Japão.


As histórias, curtas, passeiam por grande diversidade de estilos, alguns ainda bem ''verdes'' e poucos ''maduros''. Os destaques da edição ficam por conta de ''Cheiro de leite, cheiro de café'', em que Milo Ventura emula com sucesso a narrativa carregada de design gráfico de Chris Ware; e ''Os homens armados de paz'', quadrinhos poéticos do experiente Gazy Andraus, em parceria com Jorge Del Bianco.

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Em um balanço geral, apesar da boa iniciativa, ''Subversos'' sofre com o dilema das coletâneas: trabalhos irregulares que, do mesmo jeito que podem incentivar a leitura de quadrinhos, também podem afastar quem já não gosta.



ANIVERSÁRIO DA ITIBAN

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A loja de quadrinhos mais querida de Curitiba, a Itiban, comemora 20 anos e vai fazer festinha para reunir nerds e roqueiros em geral. A balada acontece no sábado do dia 14/11, no Jokers (R. São Francisco, 164), em Curitiba.


Vão se apresentar as bandas Los Diaños, Ovos Presley e Kanpai e os DJs escalados são o Akira, o Hermes e este que vos escreve. Para quem não sabe, também sou residente das Quartas Rock do James Bar (R. Vicente Machado, 894), em Curitiba.

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A noite promessa muita diversão e bagunça e os ingressos antecipados podem ser comprados na próxima Itiban Comic Shop (Av. Silva Jardim, 845), em Curitiba, a R$ 10. Mais informações estão disponíveis no blog da Itiban.



SERVIÇO


- ''Negrinha'' tem 104 páginas coloridas no formato 17 cm x 24 cm a R$ 44,90.
- ''Subversos'' nº 4 tem formato 21 cm x 28 cm, com capa colorida e 60 páginas em preto-e-branco, a R$ 4,90.



O material citado acima pode ser encontrado em Curitiba na Itiban Comic Shop (Av. Silva Jardim, 845). O telefone de lá é (41) 3232-5367.


A maior parte dos textos publicados nesta coluna foi publicada na Folha de Londrina, tanto na versão impressa quanto na virtual.

Encontre também mais textos meus sobre quadrinhos e animação no blog da ótima revista IdeaFixa.


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