Curitiba - Quadrinhos representam a mitologia moderna. Assim como os gregos e romanos, ou mesmo os homens das cavernas, contavam suas lendas através de histórias fantásticas, a Nona Arte povoa o imaginário dos leitores com milhares de semideuses, poderes espetaculares, drama, comédia, aventuras ilimitadas. Nada mais justo que uma das tragédias mais apreciadas e conhecidas da Grécia Antiga fosse adaptada para uma nova geração com elementos da arte sequencial. É o que acontece em Antígona, disponível nas prateleiras pela Conrad Editora.
Antígona foi escrita por Sófocles há mais de 2.500 anos. Era encenada nos teatros antigos e continua sendo até hoje, adaptada para diversas tramas de novelas, quadrinhos e livros atuais. Claro, sempre de forma contemporânea. A edição que chegou às livrarias traz a narrativa original: Antígona, filha do incesto entre Édipo e Jocasta, é a única entre seus irmãos que acompanha o paí até a morte, quando Édipo é banido de Tebas. É, acima de tudo, uma história sobre convicção, de determinação sobre os princípios.
A edição foi adaptada por indianos. Gita Wolf e Sirish Rao, escritores que têm intimidade com o público infanto juvenil, e Indapramit Roy, que usou como referência imagens de cerâmicas, fazem um bela trabalho, com grande potencial didático. A publicação tem capa dura e formato luxuoso.
Adolf - O legado do mestre dos quadrinhos japoneses, Osamu Tezuka, continua sendo trazido para o Brasil. Após Buda, a Conrad Editora publica uma história sobre a perseguição nazista aos judeus na visão do ''deus'' do mangá. Adolf, primeira de cinco edições, já está nas lojas e bancas especializadas.
Tudo começa em agosto de 1936, durante os Jogos Olímpicos de Berlim. Um repórter busca pistas sobre o paradeiro do irmão desaparecido e acaba encontrando evidências de que Hitler descende de judeus. A trama paralela cruza a vida de três personagens com um nome em comum. Adolf Kaufmann, filho de um diplomata alemão e uma japonesa; Adolf Kamil, um jovem pobre, vindo de uma família de padeiros judeus; e Adolf Hitler, que não precisa de apresentações.
Veja como Tezuka manipula a narrativa com habilidade, como muda de quadros detalhados -a exemplo do estádio em Berlim- para sequências mais simples para fortalecer a fluência da história e como é mestre em sintetizar várias ações e emoções em poucos elementos. Genial, como sempre foi o finado criador de Astro Boy.
Sade - Em conversa há alguns meses com o editor da Conrad, Rogério de Campos deu uma explicação razoável sobre o crescente sucesso e invasão dos mangás em todo o mundo. Os japoneses, que mais lêem quadrinhos no mundo, simplesmente têm história pra todo tipo de gosto e público. E têm mesmo, como o soft-porn Sade.
Sade traz adaptações livres da artista underground Senno Knife sobre contos de Marquês de Sade, claro, além das histórias dos irmãos Grimm, imortalizadas no imaginário infantil e que toma outras proporções nesta edição.
Os contos trazem sempre um pano de fundo erótico com a negação/aceitação bastante comum entre os personagens conflitantes nas histórias japonesas. Um pouquinho de sadomasoquismo aqui, uma esquisitice ali, uma tortura acolá e uma pitada de androginia, que faz parte do estilo da autora, conhecida por seus trabalhos nos mangás destinados ao público feminino.
Quadrinhos em WebTV - O competente jornalista Marko Ajdáric, editor do site Neorama dos Quadrinhos inaugurou suas transmissões sobre a Nona Arte na Internet. É só clicar aqui para dar uma olhada e ficar por dentro das novidades. Na edição desta semana tem Patoruzito, Star Wars em mangá, Miguelanxo Prado, Robert Kirkman, Joe Sacco e Gerard Jones.
Serviço: Antígona tem capa dura, no formato 21 x 27 cm, com 32 páginas e custa R$ 39. Adolf tem o formato 14 x 21 cm, com 264 páginas, ao preço de R$ 27,90. Sade, com 208 páginas no formato 13,4 x 20,2 cm, sai por R$ 13,90.
A revistas citada acima podem ser encontradas em Curitiba na Itiban Comic Shop: Av. Silva Jardim, 845. Fone: (41) 3232-5367.
Música+Quadrinhos: Sugar+Adolf