Quadrinhos

Mercado de quadrinhos tem ano promissor

31 dez 1969 às 21:33

Curitiba - É o fim do Carnaval e finalmente o ano começa no Brasil. E o mercado de quadrinhos, que cresceu assustadoramente nos últimos anos, começa 2008 cheio de expectativas, já que teremos mais uma vez a temporada reforçada pelas adaptações para o cinema, como Speed Racer, Homem de Ferro, Hulk, Batman, Procurado e Hellboy 2.

O universo dos super-heróis terão dois grandes momentos este ano na Marvel Comics e DC Comics, que têm suas histórias publicadas por aqui pela Panini Comics. A primeira tem como final trágico da ''Guerra Civil'' a morte (definitiva?) do Capitão América, que já tem até substituto, na atual cronologia publicada nos Estados Unidos. Além disso, chega em solo tupiniquim as revistas ligadas a ''Torre Negra'', projeto que une literatura e quadrinhos com roteiros de Stephen King.


A DC Comics comemora 70 anos e conta com celebração também no Brasil, com a série ''52'' e a saga ''Guerra da Tropa Sinestro'', que redefiniu a mitologia dos Lanternas Verdes e mexeu com o próprio universo regular DC. A história foi muito elogiada nos Estados Unidos, especialmente devido aos belos desenhos do brasileiro Ivan Reis, eleito o melhor do ano pela Wizard. A Panini também tem como novidades as publicações das aventuras da guerreira Sonja e de Spirit, no encontro da criação de Will Eisner com Batman.


Na Devir Livraria, o destaque deste início de 2008 fica por conta dos terceiros volumes de Supremo e Lost Girls, ambos com roteiros de Alan Moore, e de Antes do Incal. O primeiro semestre ainda terá ''A Força da Vida'', de Will Eisner; Niquel Náusea com ''Minha Mulher é Uma Galinha'', de Fernando Gonsales; conspirações religiosas em ''Revelações''; e uma homenagem aos cem anos da imigração japonesa com mais um volume de Usagi Yojimbo, que narra a famosa história do samurai Musashi.


A revista do Senninha, fora das bancas há oito anos, ganha nova casa na HQ Maniacs, que passa a editar o material já em comemoração ao aniversário de Ayrton Senna. A editora também traz de volta a nostálgica tirinha das aventuras de Leão Negro, com material remasterizado e inédito; o lançamento de ''Quadrinhofilia'', do curitibano José Aguiar; o livro ''A Era de Bronze dos Super-Heróis'', de Roberto Guedes; e mais volumes de Mortos-Vivos, Estranhos no Paraíso e Liberty Meadows, além de Savage Dragon e Invencível.


Na Conrad, o ano começou bem, com o lançamento de ''Clic 3'', de Milo Manara, e do segundo volume de ''O Fotógrafo''. A grande novidade do semestre é a publicação de Mouse Guard, que veio da força do mercado independente por meio de David Petersen. A série mostra a luta pela sobrevivência de uma comunidade de ratos em atmosfera medieval e deve chegar por aqui em março. Este mês ainda tem mais uma edição luxuosa de Sandman, com ''Entes Queridos'' e de Calvin & Haroldo.


Já a Pixel Media, que no mês passado colocou nas prateleiras novas edições de 100 Balas e Ex-Machina, tem novidades para fevereiro. A editora deve lançar ''Constantine/Hellblazer -Sangue Real'', com as últimas seis histórias inéditas escritas por Garth Ennis; o crossover Planetary/Liga da Justiça e a segunda parte de ''Transferência de Poder'' do improvável grupo de heróis Authority.


A Via Lettera tem como novidade o livro ''Ebal: Fábrica de Quadrinhos'', em que Ezequiel de Azevedo conta um pouco da trajetória dos quadrinhos no Brasil; a Mythos lança este mês ''Hellboy - A Feiticeira e o Troll e outras histórias'', além de ''Mirza - A Mulher Vampiro'', do mestre Eugênio Colonnese; e a Zarabatana Books tem em seus planos a publicação do espanhol ''Clara da Noite'', de Jordi Bernet, Carlos Trillo e Eduardo Maicas; e ''Underworld'', de Kaz, nome forte no cenário alternativo estadunidense.


LOST GIRLS


Chega ao fim no Brasil uma das minisséries mais controversas de todos os tempos. A terceira edição de ''Lost Girls'', de Alan Moore e Melinda Gebbie, está nas prateleiras e mostra o capítulo de encerramento do inusitado encontro de Wendy, Alice e Dorothy, narrando suas aventuras eróticas e pervertendo os contos de ninar de muita gente por aí.


A mini é proibida para menores de 18 anos devido ao alto teor sexual da narrativa, mas engana-se quem pensa que os volumes sejam apenas mais uma ''revistinha de sacanagem'': Moore faz uma homenagem às primeiras produções pornográficas de que se tem registro, brinca com a libido dos leitores e apropria-se de personagens do imaginário infantil para bombardear o público com referências culturais.


Assim como fez com ''A Liga Extraordinária'' -em que o autor monta um ''time dos sonhos'' de criações de escritores do século XIX para promover uma viagem lisérgica pela literatura-, Moore não se contenta em contar uma história surpreendente sobre descobertas sexuais de forma convencional: explica-se aí sua vontade de quebrar padrões, provocar os politicamente corretos, desafiar o moralismo e destruir tabus com verve iconoclasta, ao unir linguagens e sacudir o universo de ''Alice no País das Maravilhas'', ''O Mágico de Oz'', ''Peter Pan'' e outra dezena de fábulas. O escritor britânico e Lost Girls soam quase como um adolescente rebelde aprontando contra a pobreza de espírito e gibis inócuos.


Neste número final, as três então garotinhas dos contos infantis, já adultas, encerram a reunião em um luxuoso hotel austríaco em 1913 com a mais sexual das três edições. Todas as sugestões narrativas e sequências contêm ao menos uma imagem ou conteúdo pornográfico. É a conclusão de uma obra tão polêmica quanto diferente, que já fez história na Nona Arte e vendeu, somente nos Estados Unidos, mais de 35 mil exemplares em três tiragens.


Serviço - ''Lost Girls 3 - O Grande e Terrível'' tem formato 21 x 28 cm, com 112 páginas, capa dura e miolo colorido a R$ 65.

O material citado acima pode ser encomendado em Curitiba na Itiban Comic Shop: Av. Silva Jardim, 845. Fone: (41) 3232-5367.


Continue lendo