Curitiba - Ela foi símbolo sexual nos idos de 60, ajudou a moldar a revolução feminista e sexual anos mais tarde, durante período de efervescência cultural, e serviu como uma das bases do que viria a se transformar na pop art no final da década de 70. Essa sensacional figura foi Valentina Rosseli, do italiano Guido Crepax, que ganha versão de luxo no Brasil pela Conrad Editora.
Antes de mais nada, um pouco do criador e da criatura. Crepax, nasceu em Milão, na Itália, estudou arquitetura e iniciou a carreira fazendo ilustrações médicas e publicitárias. Começou a vida de cartunista e quadrinhista na famosa revista Linus, publicação de vanguarda, que veiculava histórias policiais, ficção científica e HQs eróticas, especialmente depois da entrada do artista para o rol de autores.
Crepax começou a fazer sucesso porque misturou inúmeros elementos de design nos quadrinhos em sequências que buscavam a fotografia e o cinema underground da época. Imagens simbólicas minimalistas, discretas sugestões de erotismo, ilusão de ótica, entre outros, são características-base para sua narrativa, que influenciou nos anos seguintes sem-número de obras em outras linguagens. Não seria absurdo dizer que o material de Andy Warhol teria muito menos importância à arte não fosse a inspiração do que saiu de Valentina.
O sucesso, claro, não veio apenas com o talento do criador como também com o charme incontestável de Valentina. A bela fotógrafa cosmopolita, inspirada na atriz Louise Brooks, virou musa em todo o mundo, como ícone de inteligência e luxúria, mulher sedutora que usa de seu estilo, classe e beleza para conquistar homens e também mulheres. Não à toa, foi modelo de comportamento e até da alta costura italiana.
A obra publicada pela Conrad compila, em ordem cronológica, o primeiro ano de Valentina, entre 65 e 66. Interessante é notar a evolução do traço de Crepax e o experimentalismo que o levou a criar um estilo próprio anos mais tarde. A editora promete trazer outros títulos da personagem e o material vem com capa de proteção de luxo. Uma bela homenagem ao autor italiano, que também ficou conhecido pela criação de Anita, Bianca e Belinda e morreu em 2003.
Conan, o Cimério - Antes mesmo da fase memorável de John Buscema ou da popularização do personagem através da impressionantes capas pintadas em edições com formato gigante, o bárbaro Conan já povoava o imaginário de fãs da literatura fantástica medieval nos anos 30, ainda quando era conhecido como Kull, nas páginas da revista norte-americana Weird Tales.
O livro da Conrad traz justamente esse período, ainda em prosa, com algumas ilustrações do consagrado desenhista Mark Schultz. Kull, antes mesmo de ser transformado em Conan, protagoniza A Fênix da Espada, o primeiro conto do que viria a ser o bárbaro cimério como conhecemos hoje em dia.
O material, com capa em alto relevo, é altamente recomendável para os fãs do autor Robert E. Howard, um dos principais escritores da literatura fantástica no início do século XX. Aqui, os leitores vão poder acompanhar o processo de romantização do personagem até a fórmula que levou o bárbaro a arregimentar um exército de seguidores até hoje.
Os rascunhos e contos inacabados, assim como as notas e ensaios que descrevem as terras e o período da Era Hiboriana vão fazer os fãs de Conan irem à loucura, mesmo sem os fantásticos desenhos que fizeram do bárbaro o favorito de vários iniciantes na Nona Arte.
The Dead Boy Detectives - A roteirista e ilustradora Jill Thompson empresta pela terceira vez os personagens consagrados por Neil Gaiman em Sandman para criar um irreverente conto nipo-americano, mais direcionado para o público infanto-juvenil. A artista narra as aventuras dos pequenos detetives mortos em Estação das Brumas, Edwin Paine e Charles Rowland.
Para quem não sabe, Lúcifer se aposenta durante o arco publicado em Sandman e por isso muita gente que estava com o Tinhoso no Inferno deixa o lugar para voltar à terra dos vivos. Entre eles, estão Rowland e Paine, que retornam para assombrar os amigos da escola.
Os meninos fizeram sucesso entre os leitores e acabaram ficando no plano terreno quando a Morte tentou levar Rowland mas o mesmo exigiu a presença do amigo Paine. Como a irmã de Sandman não encontrou a cara-metade do pequeno zumbi, decidiu deixar o assunto para depois. Enquanto isso, a dupla abriu uma agência de detetives.
Jill usa do estilo mangá, quase como aqueles destinados para o público feminino, para contar como Rowland e Paine se metem em enrascadas para desvendar o desaparecimento de uma garota enquanto evitam ser levados de volta pra casa pela Morte. O formato, quase de bolso, ajuda a caracterizar a aventura fácil e despretensiosa a que propõe-se.
Serviço - Valentina 1 tem formato 21 x 27 cm, com 144 páginas e capa dura e proteção de luxo por R$ 55. The Dead Boy Detectives sai no formato 12,5 x 19 cm, com 144 páginas, a R$ 17,50. Conan, o Cimério tem 264 páginas no formato 16 x 23 cm a R$ 39.
A revistas citada acima podem ser encontradas em Curitiba na Itiban Comic Shop: Av. Silva Jardim, 845. Fone: (41) 3232-5367.
Música+Quadrinhos: Massive Attack+Valentina