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Guerreiro japonês dos pampas no Paraná

31 dez 1969 às 21:33
Dupla quer pretende lançar mais três edições este ano - Reprodução
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'Samurai Tchê' conta a história de Francisco Beltrão unindo cartum brasileiro com quadrinhos japoneses


Curitiba - Os anos 40 e 50 foram de muita agitação em Francisco Beltrão, no sudoeste do Paraná. A chegada de gaúchos e catarinenses, imigrantes de alemães e italianos, e a consequente disputa entre os colonos e a Companhia de Terras do Estado marcaram a época. O ápice dessa luta aconteceu em 1957, no episódio conhecido como ''A Revolta dos Posseiros'', quando os rebeldes expulsaram a Companhia da cidade. Imagine uma história de samurais inserida nesse contexto. É o que propõem os irmãos Luciano e Cézar Luíz dos Santos, que vem publicando a revista ''Samurai Tchê'' desde setembro de 2007.

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Nos moldes de um fanzine mas com pretensões de revista, no formato 19,3 x 13,5 cm, ela tem 32 páginas com capa colorida e interior preto-e-branco. A história explora personagens que pontuam estereótipos da época e outros de um mundo fantasioso, mais próximo dos mangás, grande influência da dupla de criadores.

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''Comecei a gostar de quadrinhos com 6 ou 7 anos, quando ganhei um Almanaque Disney. Mas foi em 1994 que percebi que aquelas histórias poderiam ser diferentes, quando comecei a ver Cavaleiros do Zodíaco na rede Manchete, que hoje nem existe mais'', lembra Luciano, 30 anos, que divide o trabalho de roteirista de ''Samurai Tchê'' com a administração de uma empresa de alinhamento de chassi em Francisco Beltrão.

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A ideia de criar uma revista de ação e fantasia com pano de fundo real nasceu depois de tentativas frustradas da dupla de contar a história da região de maneira mais didática. Tudo na base da fotocópia, naquela vontade de fanzineiro.


''Os primeiros fanzines eram baseados em coisas da Disney ou seriados como Jaspion. A gente montava em xerox mas nunca chegava a comercializar. Depois veio a ideia de fazer quadrinho brasileiro, que a gente quase não tem a não ser Turma da Mônica. Daí, lá por 2000, a gente decidiu usar fantasia e artes marciais, porque a maioria das pessoas não iria se interessar pela história se não tivesse isso, iria parecer livro de estudos'', explica Luciano.

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Foi assim que terminado o ensino médio, Luciano passou a se dedicar mais aos quadrinhos, enquanto o irmão mais novo, Cézar, de 27 anos, continuava desenhando diariamente, em meio aos estudos na faculdade de História. ''Em 2003 e 2004 decidimos abordar a Revolta (dos Posseiros) com uma boa dose de fantasia para conquistar espaço. Então misturamos cartum com mangá. Tem gente que chama até de mangatum.''


Os desenhos de ''Samurai Tchê'' são bem feitos mas pecam na arte-final, muitas vezes inadequada para balancear volume e contraste, assim como na pós-produção, a exemplo da má escolha das fontes usadas nos balões de diálogo. O texto é bem acessível, no entanto, o uso de gírias para reforçar a preocupação da caracterização local acaba gerando um regionalismo forçado, o que incomoda um pouco o leitor tradicional.

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Essas limitações, contudo, não impediram ''Samurai Tchê'' de se tornar um sucesso. Paga do próprio bolso da dupla, a revista chega em breve ao número 4, a R$ 7. Cada edição até agora teve 200 exemplares, vendidos a R$ 5. ''A primeira edição esgotou e tivemos que rodar mais 200. O custo é alto e a gente demora um pouco para lançar porque vai pagando conforme vai vendendo'', comenta Luciano, sem revelar quanto gasta para fazer cada uma.


O Orkut é um grande aliado. ''Nem sabia que existiam pessoas que gostavam tanto até entrar no Orkut. Queremos lançar o número 4, em maio, com muita gente na lista de reserva.'', dizem os irmãos. A aceitação vem sendo tão positiva que comunidades abarrotadas de fãs de mangá, a exemplo do ''Mangaká Brasil'', rasgam elogios para a produção, que deve ser tema de cosplay no Animê Friends, em São Paulo, e pode até mesmo virar um jogo de luta.

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Diferente de muitos dos autores que buscam a divulgação em trabalhos mais modestos para alcançar visibilidade e material mais abragente, até mesmo em editoras, a dupla não tem tantas ambições.


''O ideal seria fazermos um por mês, mas depende da saída. No volume 4 começa uma trilogia e seria legal se a gente conseguisse lançar a 5 e a 6 até o final do ano. A gente quer continuar fazendo quadrinho nacional para termos mais espaço para os brasileiros nas bancas.''



Serviço

- Samurai Tchê tem formato 19,3 x 13,5 cm e 32 páginas. Os números 1 a 3 custam R$ 5 e o número 4 vai custar R$ 7. Mais informações no Orkut de Luciano Luíz dos Santos e pelo email [email protected].


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