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Cavaleiro das Trevas 2 chega ao Brasil

28 fev 2002 às 10:59
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Que Cavaleiro das Trevas foi fundamental para a elevação das HQs para leitura recomendável não só para guris, isso é indiscutível. Mas será que a tão aguardada seqüência, que chega no fim deste mês de fevereiro ao Brasil, consegue repetir o feito?

Em 1987, o roteirista e desenhista Frank Miller, juntamente com o arte-finalista Klaus Janson e a colorista-esposa Lynn Varley decididamente deram um verdadeiro significado para Batman.

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Até então, a motivação do personagem tropeçava apenas em sua obsessão em caçar criminosos depois de um bandido ter assassinado seus pais, incidente mostrado em incansáveis flashbacks. Mas Miller tornou o maior detetive do mundo num herói falível e problemático, doente, humano. Na primeira trama, o Cavaleiro das Trevas, já cinquentão, é obrigado a voltar às ruas de Gotham City para confrontar Superman, que estaria sendo usado pelo governo norte-americano.

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Na segunda parte, Miller leva os leitores três anos adiante. Batman, que para o mundo está morto (menos para algumas pessoas, entre elas o próprio Superman), treinou um exército de "batboys" e pretende convocar vários heróis desaparecidos. O objetivo do homem-morcego é confrontar Superman, que, mais uma vez, estaria fazendo parte de um plano maquiavélico do governo norte-americano.

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A partir daí, Superman, coagido por Lex Luthor e Brainiac, faz parceria com a Mulher Maravilha e Capitão Marvel para impedir que Batman e sua "Liga das Trevas" imploda um caos social e anarquia política nos Estados Unidos.


A grande sacada de Miller para esta continuação está, novamente, no confronto ideológico entre Bruce Wayne e Clark Kent: enquanto um utiliza de meios não convencionais para questionar a realidade, o outro procura manter o senso de justiça em uma sociedade que já não sabe pesar seus valores.

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A inclusão de personagens como Questão, Eléktron, Flash e Lanterna Verde também acrescenta um novo ritmo à obra e abrange (assim como enche de referências saudosistas) o universo proposto pelo roteirista na primeira produção.


Mas a necessidade de personalizar e abraçar uma causa maior nesta segunda parte talvez tenha sido o maior erro de Miller. O roteiro continua sendo intringante e os diálogos são bem sintéticos e adequados para cada personagem. No entanto, a parte visual fica devendo, e muito, ao primeiro Cavaleiro das Trevas.

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Em primeiro lugar, a colorização de Lynn Varley, desta vez feita por computador, é infeliz em vários quadros e deixa várias cenas "frias", insossas, desprovidas de sentimento. Ao que parece, Miller trabalhou o processo inicial de composição gráfica em conjunto com sua esposa e deixou vários cenários de fundo ao cargo de Varley.


O que foi um erro, pois a colorista decidiu fazer "experimentalismo" e, ao invés de complementar os esboços de Miller e acrescentar volume e dramaticidade às cenas, provocou quebra de estilos. O desenhista perdeu muito sem o peso do controle de penas e pincéis de Janson e se limitou a deixar esboços incompletos e com arte-final pouco trabalhada (talvez na esperança de que sua esposa fizesse um excelente trabalho, como visto em 300 de Esparta).

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A narrativa também perdeu bastante impacto, pois, diferente da primeira obra, não há um ritmo homogêneo e hermético de cada acontecimento. O que se vê é uma série de eventos costurados sem uma proposta. Ao passo que Miller perde o poder de manipulação em Cavaleiro das Trevas 2, Batman perde a cumplicidade com o leitor durante a história.


Talvez a maior diferença entre uma produção e outra esteja no contexto: depois de Asilo Arkham, A Piada Mortal, Kingdom Come e outras boas histórias que ajudaram a redefinir o homem-morcego ao nosso tempo, ficou difícil para Miller revolucionar as HQs e, principalmente, Batman mais uma vez.

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Entre tantos tropeços, o que conta realmente é como Frank Miller entende Batman. Às vezes é possível até confundir as palavras do roteirista/quadrinista com as de Wayne. Poucos escritores, ou talvez nenhum, conseguem enxergar o mundo pelos olhos do homem-morcego como Miller faz. E, só isso, é o suficiente para dar uma conferida em Cavaleiro das Trevas 2.


Batman - Cavaleiro das Trevas 2 - 84 pgs. em três partes Frank Miller e Lynn Varley. Editora Abril, 2001. Preço de cada parte: R$ 6,50.


***Resultado da eleição "Melhores sequências das HQs"***
Vencedor: Livros da Magia (Constantine) Neil Gaiman/Scott Hampton
2o. - Cavaleiro das Trevas: Frank Miller/Klaus Janson/Lynn Varley
3o. - A última tira de Calvin & Hobbes: Bill Waterson
4o. - Sandman: Neil Gaiman/Sam Kieth/Mike Dringenberg
5o. - Watchmen (Rorschach): Alan Moore/Dave Gibbons

Música+Quadrinhos: Fun People+Cavaleiro das Trevas 2


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