Mercado em pauta

Trabalho em empresa familiar

26 jul 2007 às 11:00

É muito comum encontrarmos jovens universitários fazendo cara feia, ou franzindo a testa, quando é cogitada a hipótese de trabalhar em uma empresa familiar. Esta não é uma reação somente dos jovens estudantes, ou dos recém-formados. Muitos profissionais, inclusive aqueles que já estão na luta por um lugar ao sol, resistem na hora seleção em algumas empresas e preferem sonhar apenas com as tais multinacionais.

Trabalhar em uma empresa familiar não significa colaborar com uma companhia fundo de quintal. Muito pelo contrário, nas economias capitalistas, a maioria dessas empresas se inicia com as idéias, o empenho e o investimento de seus empreendedores e parentes, chegando a patamares invejáveis no cenário econômico mundial.


O preconceito com empresa familiar remonta à imagem construída sobre este tipo de organização, fortemente associada a um negócio pequeno, administrado apenas pelos parentes, muitas vezes fadado ao insucesso e sem qualquer possibilidade de crescimento profissional das pessoas que não sejam membros da família proprietária. Felizmente, esta imagem está equivocada e isso faz com que poucos acabem sabendo desta verdade.


Pesquisas internacionais apontam que essas sociedades constituem mais de 90% das empresas em operação no mundo. Contestando esses números, alguns profissionais alegam que as empresas familiares constituem cerca de 60% das organizações mundiais. De qualquer forma, a predominância das empresas familiares no mundo corporativo é incontestável.


O consultor de empresas familiares e diretor da Societàs Consultoria Pedro Podboi Adachi explica que as organizações familiares movem a máquina da economia mundial, além de tirar os preconceitos sobre estas empresas. "Se perguntar para uma turma de universitários onde querem trabalhar, a maioria prefere uma grande empresa multinacional. Infelizmente, eles não sabem que eliminando as Organizações não Governamentais – ONGs – e as empresas públicas, o restante são empresas familiares", afirma Adachi.


"A imagem que a maioria das pessoas faz de empresas familiares são de negócios pequenos e administrado apenas pelos parentes, muitas vezes fadado ao insucesso e sem possibilidades de crescimento profissional para os que não são membros da família", conta o executivo.


Observamos exemplos de empresas familiares desde pequenos estabelecimentos como um pequeno bar administrado pela família assim como organizações multinacionais como o Wal-Mart, a maior empresa de faturamento do mundo, ou a Cargill, a maior companhia privada que comercializa produtos básicos e primários, tais como grãos e outras commodities. "Não faltam exemplos de empresas nacionais como o Pão de Açúcar, o Itaú, a Gerdau e a Votorantim, cuja existência em si eleva a importância desse tema", completa Adachi.


Sendo assim, a empresa familiar é uma excelente oportunidade de trabalho, mesmo para firmas de pequeno porte. As empresas familiares apresentam diversas vantagens competitivas com relação às empresas não familiares, sendo que algumas desvantagens podem se tornar pontos fortes para essas organizações.


Entre uma série de pontos fortes, Adachi destaca alguns pontos como agilidade na tomada de decisões; respeito e influência perante a comunidade; disposição dos familiares em investir o próprio capital ou oferecer garantias pessoais para levantas recursos; colaboradores leais e obedientes, entre outros.


"Não percebendo estas vantagens, muitos universitários, ao torcerem o nariz para empresas familiares, acabam restringindo suas opções para multinacionais, e decidem que devem ingressar em organizações como Ford, Henkel, Lego, Barilla, Bombardier, Danone, The Washigton Post, Cemex, Michelin, C&A, Heineken, Marriot, LG, dentre outras. O que poucos sabem é que todas essas organizações são exemplos de empresas familiares, porém com a família controladora situada fora do Brasil", finaliza Adachi.


O consultor define empresa familiar como toda organização na qual uma ou poucas famílias concentram o poder de decisão envolvendo o controle da sociedade e, eventualmente, participam da gestão. Sem restrição quanto à área de atuação da empresa, quanto ao seu tamanho, quanto à formatação jurídica da sociedade ou com relação ao tempo de existência. Com isto, a maioria das organizações em operação no mundo é empresa familiar, podendo ser encontrada em praticamente todas as indústrias e ramos econômicos ao redor do mundo.



Sobre o consultor

Pedro Podboi Adachi é sócio-diretor da Societàs Consultoria. Formado em Direito pela USP e pós-graduado em Administração de Empresas na Fundação Getúlio Vargas, Adachi participou de programas focados em empresas familiares como o Leading the Family Business no IMD, em Lausanne, na Suíça, e fez mestrado em Administração e Negócios pela Ohio University, nos Estados Unidos. O executivo também acumula experiências como diretor de empresa familiar, consultor empresarial, conselheiro da CIESP (Regional de Rio Claro), palestrante e professor universitário na FEA-RP (USP) e na ESPM, pesquisador e autor de artigos e livro.


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