Em todo o mundo estão sendo desenvolvidos sistemas interligados e inteligentes que permitem que tudo ao nosso redor esteja interconectado, prestando mais e melhores serviços. É a internet das coisas (internet of things - IoT), uma revolução digital no mundo tecnológico. A conectividade entre objetos por meio da web será cada vez maior. Máquinas, dispositivos, sensores, automóveis, câmeras e outras coisas buscam otimizar o cotidiano das pessoas, melhorar operações do dia a dia e economizar tempo, dinheiro e até mesmo vidas. Num futuro não muito distante, será comum conectar casas, escritórios, fábricas e até cidades.
Para Claudio Saes, diretor do Bell Labs Consulting, algumas empresas de logística utilizam sensores e base de dados para rastreamento e localização de cargas utilizando estas mesmas tecnologias. "Hoje a internet das coisas é um fato no mercado consumidor, dada a proliferação de smartphones", observa. Envolvido com a implantação de redes 4G e HetNet, bem como o desenvolvimento de tecnologia SDN/NFV, para a Alcatel-Lucent, uma empresa global de telecomunicações sediada na França, Saes define a internet das coisas como uma tecnologia na qual diversos dispositivos conectados a servidores fornecem dados medidos ou obtidos por sensores, alarmes e outras formas de medição. "Com o avanço dos processadores nos dispositivos e também nos servidores, cada vez mais temos ações sendo tomadas para o benefício do usuário, sem que necessariamente este tome alguma decisão".
Conectividade
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Os dispositivos não são apenas celulares, mas relógios, sensores de presença, câmeras de vigilância, medidores de frequência cardíaca, eletrodomésticos, portões eletrônicos e até mesmo carros. A maior vantagem é a obtenção de informação imediata para uma tomada de ação, coloca Saes. Um exemplo muito comum de aplicação de IoT é o aplicativo Waze: um celular moderno possui cerca de 5 a 12 sensores, dentre estes, GPS e bússola, utilizados pelo aplicativo para medir a velocidade média e rota dos usuários que o têm instalado no celular, alimentando assim uma base de dados que é muito útil na hora de escapar dos engarrafamentos, pois fornece a rota de menor tempo entre dois pontos. "Todas estas informações de GPS e bússola são enviadas sem sequer sabermos ao longo do dia. Um preço pequeno considerando a utilidade deste aplicativo em congestionamentos nos grandes centros urbanos", afirma.
Para Saes, a principal mudança que a IoT provoca na vida das pessoas e no cotidiano das empresas se dá na agilidade e rapidez na obtenção da informação e na velocidade para a tomada de ação. "Do ponto de vista do usuário, o impacto é a comodidade de ser atendido de forma rápida e eficiente; do empresarial é a assertividade e baixo custo que estas soluções nos trazem", destaca.
Segurança de informações
Saes avalia que a internet das coisas ainda está em sua infância e tem vários obstáculos a vencer tanto no Brasil como no mundo. Ele cita que o principal deles são as redes que servem para conectar os sensores ou smartphones aos servidores da internet que prestam estes serviços. "A forma como estas foram construídas não comportam a explosão de volume de conexões e Megabytes previstos. Outro ponto importante é a segurança das informações, pois uma vez que você coloca mais dispositivos sendo controlados ou acessados através da internet, necessita que os mesmos sejam a prova de segurança. Ninguém quer ter sua geladeira ou seu carro atacados por alguém do outro lado do planeta".
A internet das coisas já é uma realidade, agora cada vez mais próxima do mercado de consumo. "Ao longo dos próximos anos, veremos experimentações e casos de adoção massiva desta tecnologia. As redes terão que sofrer crescimentos e upgrades para suportar o numero de dispositivos e também fornecer a segurança necessária", vislumbra Saes. Ele ainda alerta que alguns temas regulatórios serão discutidos, pois a tecnologia permite coisas que anteriormente eram impossíveis em larga escala. Por exemplo, a execução de uma cirurgia remota ou mesmo a consulta médica via videoconferência, assuntos que têm implicações legais em várias esferas.
Coisas mais inteligentes
Jesus Artur Barbosa, gerente de produtos da Horizons Business Telecom, empresa especializada em telecomunicações e tecnologia da informação, lembra que a ideia de conectar "coisas" é bem antiga, discutida desde 1991, quando já se pensava na conexão (D2D - Device para Device). Segundo ele, o grande limitador da expansão da IoT foi a rede oferecia na época. "Nesse sentido, a Horizons tem a vantagem de possuir uma rede 100% fibra óptica e de grande capacidade de banda, com condições de desenvolver projetos desta natureza". Hoje a empresa já tem projetos em andamento na área de energia (smart grid – rede elétrica inteligente) e na de smart city (cidade inteligente).
Barbosa enfatiza que o tempo sempre é o determinante nas revoluções tecnológicas, e as pessoas sempre buscarão novas formas de se conectar, otimizar e economizar recursos naturais e energéticos. Ele cita alguns exemplos de instituições e empresas que pesquisam e investem na internet das coisas. A Universidade da Califórnia de São Francisco (UCSF) usou Google Glass na mesa de cirurgia, enfrentou alguns problemas, mas o uso está se tornando cada vez mais cotidiano. A Thyssenkrupp e a Microsoft desenvolveram um sistema inteligente e online para monitorar elevadores. Grandes fabricantes (Dell, Inter e Samsung) se uniram para padronizar as conexões e criar um protocolo comum, criando um grupo chamado Open Interconnect Consortium (OIC). Em dezembro de 2013, foi criado o Allseen Alliance com 51 empresas participantes, que pretende desenvolver vídeos de divulgação do conceito no Brasil. A montadora Volvo afirmou que já tem veículos prontos para circular sem a interferência dos motoristas, mas só devem aparecer no mercado entre 2019 e 2020.