Educar-se

Paralelo 15

03 set 2010 às 11:20

PARALELO 15

Chapada dos Guimarães é um pequeno e tranquilo município mato-grossense que fica a 65 Km de Cuiabá. A altitude de Chapada é de aproximadamente 800 metros acima do nível do mar, e a de Cuiabá, cerca de 200 metros; o Pantanal mato-grossense fica a 100 metros. A diferença de temperatura é significativa. Em Chapada o clima é bem mais ameno do que em Cuiabá, onde facilmente os termômetros marcam 36º, 37º. Em Chapada chega a fazer um frio parecido com o do Sul do país.


Dizem que lá se situa o centro geodésico da América do Sul, que seria um ponto equidistante entre o Oceano Atlântico e o Pacífico, ou seja, o ponto central entre os dois oceanos. Lá fica também o Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, com trilhas, cachoeiras e formações rochosas magníficas. É de uma beleza estonteante. É extremamente gratificante uma viagem até lá. Vale muito a pena.


CORREDOR BIVAC


Chapada dos Guimarães não atrai somente turistas interessados em suas belezas naturais, mas também esotéricos e pessoas de diferentes filosofias de vida e hippies, que chegaram lá há décadas e nunca mais de lá saíram; segundo os místicos, naquela região circulam ondas cósmicas que não chegam à superfície de nenhum outro lugar, em virtude da sua localização na Terra: por lá passa o corredor Bivac, um corredor eletromagnético que se situa no Paralelo 15 Sul. Esse Paralelo passa por regiões do mundo beneficiadas energicamente. Para eles, o Paralelo 15 carrega um plano astral extremamente importante; há, segundo os esotéricos, um plano intermediário entre o mundo físico e o espiritual.


Passei alguns dias na região de Cuiabá, de Chapada e do Pantanal mato-grossense, com Teté, minha esposa, não em busca de fenômenos sobrenaturais, mas para apreciar a natureza exuberante daquela região. Num de nossos passeios, estávamos numa padaria de Chapada, onde entramos para tomar um café e vimos uma senhora de uns setenta anos sentada a uma das mesas; olhar distante, sorriso misterioso congelado no rosto, vestido longo, ao estilo hippie, cabelos grisalhos viscosos. De repente, ela solta uma gargalhada e, imediatamente, volta ao sorriso congelado e silencioso como se nada houvesse acontecido. As pessoas ao redor não esboçam a menor reação. Parece estarem acostumadas com isso. Isso parece ser comum no Paralelo 15.


HIPPIES IDOSOS


Saímos da padaria - não por causa dela - e fomos passear na praça. Vários senhores também passeavam despreocupadamente; todos ao estilo hippie: bolsa a tiracolo, cabelos e barbas longos, roupas descuidadas, chapéus incomuns. Todos com o mesmo olhar distante e o mesmo sorriso misterioso. Além disso, percebia-se que eram forasteiros, estranhos àquele lugar. Foram para lá à busca de algo diferente à sua vida. Foram à busca de um caminho melhor, da contemplação.


Em 1969, mais de quinhentas mil pessoas foram ao Festival de Woodstock, ocorrido na pequena cidade de Bethel, distante uma hora e meia de Woodstock, para assistir às apresentações de seus ídolos. Alguns nunca retornaram a seus lares. Por lá ficaram e por lá estão até hoje. Sua vida anterior ao festival foi apagada. Será que a vida que essas pessoas passaram a ter – em Bethel e em Chapada – tem mais sentido a eles que a anterior?


BUSCAR A COMPLETUDE.


Todos nós sempre estamos à procura de uma vida melhor. Isso é inerente ao ser humano. Podemos sentir-nos incompletos em determinados momentos e buscar a completude em coisas externas a nós. Podemos iludir-nos com o que se nos apresenta e simplesmente mudar de vida. O problema é que essa mudança pode levar-nos a caminhos obscuros, que aparentemente se tornam lenimento a nós. Isso, porém, é fantasioso. O nosso Paralelo 15 pode ser uma enganação. Podemos buscar algo que não existe. Podemos imaginar que mudando de vida, buscando o desconhecido, encontraremos a solução para nossos dilemas.


O MEU PARALELO 15 SOU EU.

Não há fundamento em julgar que os problemas são deixados para trás. Eles, muitas das vezes, nos acompanham, pois, em muitos casos, estão dentro de nós mesmos. Temos de nos capacitar para, em qualquer situação, enfrentar as agruras que surgem e vencer o estresse que a vida atribulada nos impõe, sem necessidade de buscar um paralelo 15 para mitigar os sofrimentos.
O meu paralelo 15 sou eu mesmo. Não há nada de extraordinário que possa aplacar as minhas dores tão poderoso quanto a minha vontade própria. Eu faço os meus caminhos, abrindo os atalhos com a minha capacidade. Nada é mais poderoso que meu esforço. Não é fugindo que me acharei. Encontro-me em mim mesmo, por isso é a mim que tenho de melhorar!


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