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O pôr do sol

12 jun 2009 às 09:03
Pôr do sol no Rio São Francisco. Ponte que liga Petrolina, PE, a Juazeiro, BA. - Dilson Catarino
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Quem não se sente embevecido ao ver o sol se pondo? De alguma maneira
somos atingidos por aquela radiação eletromagnética que provoca uma mistura
de cores inusitada e surpreendente. Toda mente humana se amaina ao
presenciar tal espetáculo. Mesmo os impassíveis enternecem seu coração no
momento em que se postam diante daquela esfera amarelo-avermelhada que
aparentemente perde seu vigor e espalha pelas nuvens seu brilho afogueado,
tingindo o anil do infinito de uma vermelhidão incomparável. Claude Monet e
Pierre-Auguste Renoir, pintores impressionistas, tentaram, dentre outros pintores
de renome, retratar essa beleza intangível, mas só conseguiram apresentar aos
olhos de quem as aprecia uma noção do que é o pôr do sol. Nem mesmo as
modernas máquinas digitais conseguem retratá-lo como ele é. E o que ele é? É
pura emoção, que vem da valorização da relação do homem com a natureza. O
homem que valoriza essa relação valoriza também a que tem com os demais
seres humanos, pois percebe que não está só e que necessita de outrem para
se completar.


BEM-ESTAR

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Todos deveríamos assistir ao pôr do sol e carregar a sensação de bem-estar
provocada por essa visão. Deveríamos ter mais tempo para admirar a magnitude
da natureza: a altivez das árvores, a generosidade das flores, a harmonia dos
pássaros e o frescor das águas de riachos e cachoeiras. Quem não se maravilha
com tão extasiante configuração? Aquele que assim o faz percebe o quão
pequeno somos diante do universo, é mais tolerante com os outros e se dedica
a lapidar os relacionamentos mais próximos.

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TORNAR-SE HUMANO

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Há de haver mais humanidade na convivência com nossos pares, mais bondade,
benevolência, compaixão, piedade. O ser humano tem de se tornar ‘humano’
como quando alguém quer dizer que determinada pessoa é bondosa e fala: "Ah!
mas ele é tão humano...". Até muda a entonação. Dá ênfase à palavra
‘humano’; adocica a palavra. É isso que temos de buscar: a essência da
sociedade para construir os valores necessários para a formação de cidadãos que
tenham sabedoria, que sejam capazes de conviver em harmonia, que saibam
dialogar e exercer a afetividade, a ética, a fraternidade e a solidariedade.



ÉTICA

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Fala-se muito sobre essas palavras - principalmente sobre ética, em virtude da
imundice que presenciamos no meio político, em todos os níveis. O problema é
que se apresentam belos discursos em que se usam tais palavras, mas não se
praticam os conceitos contidos nelas, e assim vivemos uma dissimulação em que
todos se mostram íntegros, honestos, éticos, mas poucos têm essas qualidades.
Os jovenzinhos observam os adultos mais que os ouvem, porque, como disse
Nicolai Gógol em seu livro Almas Mortas: "o exemplo é mais forte que as
regras". Com isso, os jovens percebem a hipocrisia vivida por muitos adultos e a
seguem como exemplo, tornando-se hipócritas também.



A ARTE DE BEM-VIVER



A natureza, ao contrário, não é oblíqua, maliciosa, ardilosa; é reta, direita,
direta. Todos sabemos o que esperar dela. Conhecemos suas belezas e perigos,
fraquezas e forças. Ela é franca, autêntica. O homem que busca a sabedoria
aprende com ela e busca o aprendizado observando-a, admirando seus aspectos
positivos e aplicando-os em sua vida. O sábio afeta positivamente o
comportamento dos demais a fim de lhes acrescentar ternura na vida e de lhes
ensinar - pelo exemplo, não pelas regras – que a convivência se torna plena
com a valorização dos relacionamentos, com a aplicação do mais básico dos
conceitos humanos: o respeito.

A natureza é a nossa grande mestra; aprendamos com ela. Busquemos já,
então, essa aprendizagem comparando nossos relacionamentos às ações da
natureza com a humanidade. Enterneçamo-nos. Comecemos hoje, procurando
um lugar em que o horizonte se mostre aberto e admiremos o pôr do sol à
busca da melhor virtude humana: a arte de bem-viver.


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