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O caçador de sabedoria

30 set 2009 às 17:52
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Em meu livro intitulado O Caçador de Sabedoria, tento incentivar as pessoas que o lerem a buscar, obviamente, a sabedoria. Não a sabedoria no sentido de grande conhecimento ou erudição, mas a sabedoria no tocante ao conhecimento justo das coisas, à prudência, à sensatez, à reflexão. O grande filósofo Sócrates já ensinava, há quase dois mil e quinhentos anos, que a vida sem reflexão não merece ser vivida.
O acúmulo de sabedoria, no sentido de grande conhecimento, de erudição, não tem finalidade alguma se não levar o indivíduo a refletir sobre a sua própria existência. Quem não pensa sobre si mesmo não se transforma, não se melhora. Pode-se acumular conhecimento sobre os mais diversos assuntos; pode-se ter uma cultura volumosa; pode-se saber tudo sobre determinado assunto. Se, a despeito de tudo isso, não se souber quem se é, nada se saberá acerca da arte de aprender a viver bem.

APRENDER A VIVER BEM

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Observe que escrevi "arte de aprender a viver bem", e não somente "arte de viver bem". Pode-se viver muito bem, mas sempre há o que se aprender com as próprias experiências e com a convivência com pessoas inteligentes e interessantes. O mais importante na vida é a aprendizagem constante. Tenho de me preparar minuto a minuto para a ‘vida boa’, na acepção de se sentir bem onde se está e com quem se está. Não quero atingir o ‘viver bem’ e nele me fixar indefinadamente. Quero me melhorar; quero aprender a me melhorar.

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O QUE ME IMPORTA É O QUE SEREI

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A mim, não me interessa o que sou, mas o que serei. Muitos filósofos dizem que não importa o passado nem o futuro, mas sim o presente; dizem que se deve viver intensamente o dia de hoje, porque o de ontem já passou e o de amanhã ainda não chegou. Quero ter a petulância, o atrevimento, de me posicionar contra essa teoria e defender a tese de que o que importa é o amanhã. Se eu apenas viver intensamente o agora, não me prepararei adequadamente para o futuro.
Tenho de viver o agora, evidentemente, mas com os olhos no meu eu de amanhã. Isso significa que constantemente estou em preparação, estou em evolução; jamais estagnado, jamais pensando só no momento presente. Minha vida cotidiana é buscar minha meta, e minha meta é conquistar a sabedoria, mesmo sabendo que jamais a atingirei totalmente. Não quero apenas ter uma vasta instrução; quero ser sábio, no sentido exato que essa palavra possui no Latim, donde ela veio: sapidu, cujo significado é que tem sabor. Aquilo que não tem sabor é insípido. O sentido figurado de insípido é desagradável, tedioso, monótono. Quem quer ser julgado desagradável? Ninguém, acredito eu.


QUERO APRENDER A FILOSOFAR

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Não sou Filósofo, mas quero ser filósofo. Não quero ter vasto conhecimento sobre Filosofia, mas quero aprender a filosofar. Sou adepto à teoria de Immanuel Kant, filósofo alemão do séc. XVIII, que julgava não ser possível ensinar Filosofia, mas sim ser possível ensinar a filosofar, no sentido de exercitar a razão, que é a capacidade que tem o ser humano de avaliar, julgar, examinar com atenção e minúcia as ideias universais e sobre elas meditar ou ainda razão é a aptidão que tem o homem de estabelecer relações lógicas, de conhecer, de compreender, de raciocinar. Quero, portanto, filosofar.
Não quero ser o filósofo maçante, que aborrece as pessoas com teorias incompreensíveis; quero, sim, tão somente exercitar meu raciocínio e estimular os demais a exercitarem o seu também. Quero seguir a teoria de André Comte-Sponville, filósofo francês da atualidade, que diz que "filosofar é pensar sem provas (se houvesse provas, não seria mais filosofia), mas não pensar qualquer coisa (pensar qualquer coisa, de resto, não é mais pensar), nem de qualquer jeito. Trata-se de pensar tão longe quanto vivemos, portanto mais longe do que podemos, mais longe do que sabemos".


QUERO SER MELHOR DO QUE SOU

Só sei que posso saber mais do que sei. Só sei que posso pensar mais. Pensar, não o pensamento que me vem não sei de onde e que se esvai sem deixar rastro, mas o pensamento que pode enlevar-me, arrebatar-me, causar-me êxtase, pelo simples fato de que o produzi além do que conseguiria anteriormente; pensamento que me seria impossível há dez, quinze anos, pois naquela época não estava preparado para ele. Penso hoje mais longe do que outrora; quero pensar amanhã mais sabiamente do que hoje. Quero ser melhor – não melhor dos que os outros. Quero ser melhor do que já fui e do que sou agora. E isso sei que posso, pois sei que todos podemos. Melhoremo-nos, então! É possível.


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