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Livre escrever sobre nada

30 set 2009 às 16:55
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Certa vez perguntei ao meu amigo José Milanez, excelente professor, exímio palestrante e escritor e meu ex-professor, por que não publicava um livro. Ele me respondeu que o que teria a escrever alguém já escrevera, que seria perda de tempo, pois não traria novidade alguma. Essas palavras me fizeram ficar sem escrever um bom tempo; sempre que eu pensava em escrever algo, eu me lembrava do Mila. Era como se ele estivesse ali, dizendo: "Nada é novidade! Já devem ter escrito isso. Esqueça!". E eu desistia. Mas, tempos depois, desisti de desistir e voltei a escrever. Sei que o que eu tenho a dizer alguém já pode ter dito, mas não da maneira como eu quero dizer. Cada um é cada um, como dizem alguns. Direi, portanto, tudo o que tenho a dizer (Será que alguém já disse isso?).
Resolvi, então, fazer um exercício de "livre escrever". Daremos um tempo à filosofia e à Educação e ficaremos hoje com bobagens literárias; nada que possa ser levado a sério; só asneiras.
Vamos, então, às minhas patacoadas:

A COISA E O COISINHO

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Sei que muitos já escreveram alguma coisa sobre a palavra COISA, mas eu não resisti: Alguma coisa aconteceu comigo que me trouxe coisas desconexas a respeito da coisa. Isso aconteceu depois de conversar com alguém que, em quinze minutos de colóquio, falou sete vezes a palavra coisa (dizem que sete é número de mentiroso, mas foi isso mesmo. Sete vezes coisa) e designou um jovem de cujo nome não se lembrava de "coisinho". Num dado momento em que o raciocínio lhe faltou e ele não sabia como terminar a frase que começara, findou-a com "... e coisa". Assim. Desse jeito, mesmo: "blá, blá, blá, piriri, piriri, nonono ... e coisa!". Fiquei sem entender que coisa seria aquela, mas ele saiu feliz, pois julgou ter encerrado o assunto com aquele "e coisa", e foi procurar outras coisas para fazer.
Coisa. Palavra quase desprovida de sentido, mas com uma infinidade de usos e abusos. Tente explicar o significado da palavra coisa; alguém consegue? Ninguém! Mas as coisas que inventam para usá-la chegam a ser absurdas. Inventaram o verbo coisar: "Ele coisou..."; o substantivo coiso: "Encontrou o coiso?"; e o adjetivo coisado: "Esse negócio tá meio coisado". Você já deve ter acompanhado um diálogo entre dois jovens com vocabulário escasso e sabe bem como é a coisa.
Dezenas de coisas surgem nos diálogos cotidianos sem que ninguém se aperceba de que há um vício nesse uso abusivo da coisa.
O maior absurdo que eu já ouvi em relação à coisa foi a resposta que um cidadão deu a um amigo que lhe fez aquela tradicional pergunta:
- "E aí, como vão as coisas?" Ao que ele respondeu:
- "Eu tô coisando umas coisinhas por aí". Essa é a campeã, mas acho que era brincadeira dele; uma coisa dessas não pode ser séria...

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COISINHA TÃO BONITINHA

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Os músicos e os poetas também aderiram à coisa: Eu me lembro de uma música que uma professora vivia cantando pelo corredor da escola: "O, coisinha tão bonitinha do pai". Ela cantava e dizia sorridente: "Em se tratando de música, essa é a coisa mais linda que já ouvi". Isso é que pode ser considerado coisificar a coisa que o coiso coisou.
A coisa tomou conta do linguajar brasileiro. Até pessoas muito influentes coisam, ou seja, utilizam-se da coisa sistematicamente. Cada vez que lhes falta uma palavra, buscam ajuda na coisa. Certamente você já ouviu na televisão ou no rádio frases com estas: "A coisa mais importante para nós é que as coisas melhoraram muito depois que eu assumi o cargo"; "Não sei nada dessas coisa que aconteceu (sic)*"; "Corrupção é uma coisa que existe no ser humano de qualquer partido"; "Se há uma coisa que eu posso dizer é que ética e humildade é uma coisa que só eu tenho". "A traição é uma coisa que me magoa muito". "Meu povo, essas coisa que andam falando de mim são coisa que as elite inventou (sic)". Que coisa, hein?


UMA COISA É UMA COISA

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Agora, cá entre nós, não existe coisa mais filosófica que a frase "Uma coisa é uma coisa; outra coisa é outra coisa". E eu arremato: Há coisas que não são uma coisa nem outra coisa; são, então, coisa alguma.
Mas a frase que eu considero linda e que não há como não usar a palavra coisa é a que Teté, minha esposa, usa quando chega perto do Mel, nosso gato persa: "Coisa mais querida da vida!".


SIGNIFICADO DE (SIC)

"sic" é um advérbio latino, cujo significado é "assim". É escrito entre parênteses e se intercala numa citação ou se põe depois dela para indicar que o texto original está reproduzido exatamente, por errado ou estranho que possa parecer.


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