Quem tem boa vontade desenvolve-se mental e filosoficamente por meio da leitura sistemática de textos edificantes, de filmes e programas culturais que conduzem à virtude, do estudo aprofundado de filósofos que ensinam a arte de bem viver e da convivência com pessoas inteligentes e de boa vontade, que podem ajudar nessa árdua tarefa de se melhorar dia a dia.
LEITURA CRÍTICA
Antes de enumerar autores, livros, filmes e filósofos, é importante ressaltar que, para incutir a virtude em si próprio, é necessário praticar o que chamo de leitura crítica, que consiste em inquirir - no sentido de fazer indagações e investigações de natureza filosófica - sobre o objeto escolhido, que pode ser um livro, uma novela, um filme, enfim, tudo o que possa trazer ensinamentos. É importante também esclarecer que cada um tem a sua maneira de interpretar um texto – escrito, oral ou imagético (em que há imagem). Alguns gostam de aventura; outros, de drama. O que me edifica pode ser enfadonho para você. Cada um tem de procurar o seu estilo e se aprofundar na aprendizagem.
Pratica-se a leitura crítica no dia a dia: caminhando pelas ruas e observando as fachadas das lojas, os outdoors, as propagandas em faixas e cartazes e inquirir sobre eles: Por que o autor de determinada propaganda a fez daquela maneira? A quem ele quis atingir? Que tipo de pessoa adquire um produto por tê-lo visto num outdoor? Quais são as mensagens subliminares? Eu (você, caro leitor) sou atingido por esse tipo de propaganda?
Pode-se praticá-la, observando as pessoas que caminham: Que vida têm? Por que estão ali? Donde vêm e aonde vão? São benevolentes ou malevolentes? Leem muito? Ignoram que a cultura é importante para a evolução delas?
Observe o comportamento das pessoas nas ruas, em shoppings, bares e restaurantes. São corteses? Respeitam os bens coletivos? E eu (você novamente), como ajo? Preciso me melhorar? Em quais aspectos?
TEXTOS EDIFICANTES
Concernentemente a textos edificantes, há alguns articulistas que sempre têm algo bom para escrever. É o caso dos jornalistas londrinenses Walmor Macarini e Paulo Briguet, da cronista Danuza Leão, de Roberto Pompeu de Toledo, Gilberto Dimenstein, Nelson Mota, dentre outros.
Os livros são essenciais para o desenvolvimento intelectual e emocional, pois além de familiarizarem o leitor com a escrita adequada, ensinam-no a fantasiar situações pelas quais poderá passar futuramente. As personagens dos livros vivem a vida na história contada pelo autor de maneira verossímil, ou seja, o que ocorre com elas pode ocorrer com qualquer um na vida real. Podemos aprender nos romances como agir coerentemente diante das situações que se nos apresentam, tomando como base a ação das personagens e as consequências que advieram disso. Aprendemos a viver melhor analisando as personagens como se fossem pessoas reais. Depois analisamos a nós mesmos e percebemos se nossas atitudes estão adequadas ou não. O mesmo pode ser feito em novelas e filmes.
Os autores que podem ser considerados essenciais para a nossa capacitação intelectual são Machado de Assis, Clarice Lispector, Graciliano Ramos, Dostoievski, Oscar Wilde, João Ubaldo Ribeiro, Jean Paul Sartre, dentre centenas de outros. Insisto, porém, que cada um tem de procurar o seu estilo e se aprofundar na aprendizagem por meio dele.
GARIMPAR EM LIVROS
Outra maneira de "aprender" com os livros é "garimpar", ou seja, selecionar o que houver de valioso nos textos lidos. Um livro inteiro pode não trazer ensinamento algum sobre relacionamentos ou sobre o engrandecimento da vida, mas uma frase escrita à toa, uma única frase no livro todo pode trazer um ensinamento valioso. Temos de estar atentos para realizar a leitura crítica e conseguir captar o que é importante. Depois, é trabalho intelectual: refletir sobre o que leu e tentar praticar o que é bom.
A ARTE DE BEM VIVER
É isso que os grandes filósofos nos ensinam. É a arte de bem viver: centrar as ações sempre para o bem, para o desenvolvimento pessoal, intelectual, filosófico, moral, de caráter, etc.
Há alguns livros atuais, cujos autores estudaram filósofos interessantes e expuseram seus ensinamentos numa linguagem mais acessível. São eles: Luc Ferry, com o livro Aprender a Viver; Lou Marinoff, com Pergunte a Platão; Theo Roos, com Vitaminas Filosóficas; André Comte-Sponville, com Pequeno Tratado das Grandes Virtudes.
O ideal não é apenas ler o livro ou assistir ao programa ou ao filme, mas sim despertar a curiosidade para buscar os ensinamentos. Faça-o e verá quão bom é.