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"Chocolate" é romance bem ao gosto comercial

Cris Fiedler
08 mar 2001 às 17:21
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O romance de Joanne Harris acabou rendendo um roteiro bem costurado para o filme "Chocolate". Inspiradora, mas nem tanto, a produção ambientada na França dos anos 50 eleva seu conceito mais pelo brilho e trabalho do elenco - palmas para a francesa Juliette Binoche ("O Paciente Inglês") e Judi Dench ("Shakespeare Apaixonado") - do que pela criatividade, tanto da história quanto do conteúdo dramático dosado com um humor sutil. Nada que mereça as cinco indicações para o Oscar, entre eles de melhor atriz e melhor atriz coadjuvante, sobretudo de melhor filme. As indicações talvez sejam produtos de um arquitetado trabalho de marketing desenvolvido pela Miramax, produtora do filme. O orçamento de US$ 25 milhões é pequeno perto das superproduções hollywoodianas, o que talvez justifique os US$ 30 milhões gastos com a sua publicidade.
A direção de "Chocolate" é de Lasse Hallström, um sueco que levou os louros da crítica em 2000 pelo trabalho em "Regras da Vida" e que até hoje é lembrado - muitas vezes com ares de deboche - pela direção dos clipes do grupo Abba na década de 70. Hallström conseguiu nada mais do que fazer de "Chocolate" uma história inteligível, o mínimo para um diretor que faz o estilo comercial.
Juliette Binoche, Alfred Molina, Johnny Depp ("A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça"), Judi Dench, e Lena Olin - mulher do diretor - encabeçam o elenco do filme. Personagens simples. Juliette Binoche é Vianne Rocher, filha de um boticário francês com uma andarilha, que carrega a pequena Anouk de seis anos por toda a Europa, sem pouso certo. Uma de suas andanças levou-as a um vilarejo pacato da França, onde os frustrados habitantes têm de viver de acordo com as rígidas regras ditadas pelo prefeito, interpretado por Alfred Molina. Vianne abre uma chocolateria bem na época da quaresma, quando os católicos devem obedecer ao jejum. As tentações preparadas por ela passam a transformar o cotidiano dos habitantes e enfurecer os conservadores convictos do lugar.
Lena Olin é Josephine, a esposa de um bêbado que apanha do marido. Ela é vista com preconceito pela comunidade por contrabalancear suas aflições cometendo pequenos furtos. Eis que o poder do chocolate e da personalidade de Vianne conseguem melhorar radicalmente a vida da mulher. Um casal amargurado e sem paixão ganha vida nova graças ao poder do chocolate. A velha madame Armande (Judi Dench) completa sua felicidade passando horas na companhia do neto Luc, graças à ajuda de Vianne. Para completar todas as mudanças, que só a doçura pode proporcionar, um jovem cigano (Johnny Depp) vem apimentar a vida da dona da chocolateria.
Quem esperava um filme intenso acabou se decepcionando com uma trama morninha. Tudo justificado pela visão da filha de Vianne, Anouk, que narra toda a história e transforma todos os dramas em algo facilmente solucionável. Um conto de fadas previsível, bem à moda antiga.
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