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Participação do público fez diferença

Rodrigo Juste Duarte
22 mai 2001 às 17:24
"Célia e Rosita", de Gisela de Mello, levou o prêmio de melhor filme na Competitiva - Divulgação
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Após seis dias assistindo a centenas de projeções, tendo o acompanhamento da boa pipoca de "Seu" Édson Luis Ribeiro (pipoqueiro oficial do Festival), realizou-se a tão esperada festa de premiação. No último dia de evento, por volta das 21h (os 20 ou 30 minutos de atraso foram uma constante na maioria das sessões do FCC), a Sala Oficial de Projeção estava bastante requisitada para acompanhar a solenidade. Não apenas para isso, mas também para conferir a primeira exibição de "O Retrato de Brenda", curta-metragem produzido durante o Festival, pelos alunos e professores das oficinas ministradas. E como era numerosa esta equipe! Tinha mais de 100 pessoas, que foram convidadas a subir ao palco.
Dirigido por Geraldo Moraes, "O Retrato de Brenda" teve seu roteiro trabalhado durante quatro dias. Mais três dias foram destinados para as filmagens, no município de Piraquara. Por fim, em cinco dias finalizou-se o material (montagem e edição de som).
A apresentação dos premiados veio na seqüência, mas não sem antes haver uma série de discursos de celebridades da área. Entre elas, a diretora do Festival, Cloris Ferreira, que mostrou-se satisfeita e emocionada com a evolução do evento em seus cinco anos de existência. Segundo Cloris, o objetivo do Festival deste ano foi cumprido: contou com a participação do público, que compareceu para as exibições, em especial as dos longas, que eram os mais requisitados.
Em relação à edição anterior, o deste ano teve uma divulgação melhor e mais intensa. Ao invés de contar sempre com as mesmas figurinhas carimbadas durante as sessões, o público médio (que não está envolvido diretamente com a classe cinematográfica) desta vez compareceu ao Canal da Música para prestigiar as atrações. Estimado em 10 mil pessoas, este público possibilitou o arrecadamento de mais de cinco toneladas de alimento não-perecível (que valia como entrada), doado para quatro instituições assistenciais de Curitiba.
Numa festa com pouca empolgação (cansaço geral de fim de maratona?), o Paraná até que ficou bem representado, em especial na categoria de vídeos da Mostra Competitiva. "Sou?", "O Bem E O Mal?" e "O Medo E Seu Contrário" receberam estatuetas. Pena que "Metamorfose" (animação em computador baseada na obra de Kafka) não tenha levado nenhuma. Na categoria de Filmes, o bem sacado "O Poeta" (que traz animação em 3D e 2D), ganhou por trilha sonora e pela criatividade técnica. Já nos Festival dos Festivais, o Paraná tinha apenas o candidato "Aldeia" no páreo, que perdeu para o braziliense "Sinistro". Convenhamos, uma derrota justa, uma vez que o curta vencedor apresenta um roteiro criativo (isto pesa muito em qualquer filme), além de ser bem cuidado em todos os aspectos.
A grande novidade do ano, o DCine, teve nove candidatos (dois paranaenses). Por ser um novo formato a entrar na competição, não houve premiações mais específicas para ele, como edição, roteiro e direção. Quem sabe no ano que vem? Dos pioneiros a concorrer, o carioca "Onde A Coruja Dorme" levou o troféu Pinhão.
Qualidade técnica apurada não é sinônimo de boa cotação. O melhor vídeo deste festival, "Provocaçam", um documentário sobre o poeta e artista plástico Sebastião Nunes, tem imagens realizadas com improvisos visíveis. O que contou mesmo foi a criatividade do trabalho. "Luiza Vai Pro Inferno", um dos melhores vídeos, recebeu menção honrosa pelo uso inovador da linguagem virtual em animação - foi realizado em Flash, um programa que cria animações para homepages.
O diretor de "Luiza...", Carlos Eduardo Nogueira, apontou uma falha notável no Festival deste ano: as premiações foram separadas apenas por bitolas (filme, vídeo ou dcine) e não por categorias. "Pode ser um tanto desleal colocar no mesmo balaio filmes ficcionais, documentários, animações e experimentais para competirem entre si", contesta Nogueira.
Nos filmes, dois bichos-papões vieram do Rio de Janeiro para abocanhar boa parte dos prêmios. Foram os ficcionais "Tropél" e "Célia e Rosita". Este último, contou com a participação da primeira atriz (falecida após as filmagens) a interpretar a boneca Emília, do Sítio do Pica-Pau Amarelo.
Havia ainda os prêmios especiais, como o Aramis Millarch (dados pela imprensa) e Rui Guerra (pelo júri popular).
De todas as premiações, o mais especial provavelmente foi o Prêmio Estímulo Copel, que elegeu um roteiro para ser filmado dentro do prazo de um ano. O vencedor foi "A Poltrona", de Antônio Albano Batista Moreira, que recebeu 6 mil reais em equipamentos, 1,3 mil metros de filme, 50% dos serviços de finalização, entre outros benefícios para transportar sua idéia para a tela. Com 47 anos de idade, Moreira mostrou-se bastante emocionado com a vitória. "Estou em um ramo onde as portas se fecham para quem passou dos 45 anos. Este prêmio mostrou que não se deve desistir de um sonho, independente da idade", desabafou Moreira.
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