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Em tempo de guerra, musical sai vencedor

Redação Folha de Londrina
24 mar 2003 às 15:31
Chicago: o musical confirmou seu favoritismo conquistando seis estatuetas, incluindo melhor filme e atriz coadjuvante (Catherine Zeta-Jones) - Divulgação
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Em tempos de guerra, o Oscar reassumiu a lógica dos vencedores e vencidos. Os atores Kirk Douglas e Michael Douglas (pai e filho) sobem ao palco para anunciar o melhor filme. Com o envelope nas mãos, Kirk se demora num suspense. Michael provoca: ''Você supostamente deveria dizer: ''O Oscar vai para...'''. Kirk desobedece: ''Não. O vencedor é... ''Chicago'.''

Cai por terra a fórmula de anúncio politicamente correta, adotada há anos, na tentativa de desconhecer que existem derrotados na competição. Está declarado o triunfo de ''Chicago'' e, com ele, a revalorização do gênero musical, considerado pelos norte-americanos expressão típica de sua excelência e ausente do prêmio de melhor filme no Oscar desde 68 (''Oliver'').

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Dirigido por Rob Marshall e estrelado por Renée Zellweger e Catherine Zeta-Jones (nora de Kirk Douglas, grávida de um filho de Michael), ''Chicago'' recebeu seis estatuetas, das 13 a que foi indicado-montagem, direção de arte, figurino, som e atriz coadjuvante (Zeta-Jones), além de filme.

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''Gangues de Nova York'', de Martin Scorsese, foi o grande derrotado da noite - nenhuma vitória, em dez indicações. A Academia ignorou o épico sobre a gênese de Nova York no qual a Miramax gastou US$ 120 milhões e quase um ano de disputa com o cineasta pelo corte final do filme. A câmera buscou Scorsese na platéia do Oscar diversas vezes. O diretor estava impassível.

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Ao manter a cerimônia mesmo quando os Estados Unidos estão em guerra contra o Iraque, Frank Pierson, presidente da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, disse que era ''especialmente importante seguir com um evento cultural como o Oscar, num tempo em que os valores americanos são questionados ao redor do mundo''.


A vitória do francês Roman Polanski como melhor diretor (por ''O Pianista'') teve caráter de surpresa histórica. Polanski não foi à cerimônia porque pode ser preso se entrar nos Estados Unidos. Ele deixou o país em 78, acusado de estuprar uma garota de 13 anos. Poucos dias antes da entrega do Oscar, Samantha Geimer, a suposta vítima, reiterou à imprensa que havia feito sexo não consentido com o diretor, mas disse que os acadêmicos deveriam votar no filme que julgassem merecedor.

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O fato de a França ser o mais relevante opositor dos Estados Unidos em sua decisão de atacar o Iraque completa o pano de fundo geopolítico da decisão.


''O Pianista'' venceu também roteiro adaptado e ator (Adrien Brody, 29, que se tornou o mais jovem vencedor da categoria).

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O cineasta polonês Krzystof Zanmussi disse que o fato de ''O Pianista' tratar do extermínio de poloneses e judeus e relacionar isso com a realidade atual, definitivamente, influenciou o grande reconhecimento que o filme teve''.


O melhor filme estrangeiro -''Ningendwo in Afrika'' (Em Nenhum Lugar na África), de Caroline Link - é sobre a vida de uma família judia na África, pouco antes da Segunda Guerra Mundial. Segundo a crítica internacional, o filme escorrega no conservadorismo ao abordar a questão racial e o colonialismo. O melhor documentário foi o antiarmamentista ''Jogando Boliche por Columbine'', de Michael Moore, que fez o discurso antiguerra que mais pesou na cerimônia.

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E o rapper Eminem derrotou os pacifistas do U2 na categoria melhor canção. Detalhe: Eminem recusou-se a comparecer à festa para cantar "Lose Yourself", pois a organização do Oscar havia lhe pedido para executar uma versão light da música, sem palavrões. Hollywood voltou a dividir o mundo entre os que ganham e os que perdem, mas não sem surpresas no resultado final.



Confira os vencedores de cada categoria:

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Melhor Filme
"Chicago"


Melhor Diretor
Roman Polanski, por "O Pianista"

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Melhor Roteiro Original
"Fale com Ela"


Melhor Roteiro Adaptado
"O Pianista"


Melhor Atriz
Nicole Kidman ("As Horas")


Melhor Canção
"Lose Yourself" ("8 Mile")


Melhor Ator
Adrien Brody ("O Pianista")


Melhor Edição
"Chicago"


Melhor Fotografia
"Estrada para Perdição"


Melhor Documentário de curta-metragem
"Torres Gêmeas" (Bill Guttentag e Robert David Port)


Melhor Documentário
"Tiros em Columbine" (Michael Moore)


Melhor Edição de Som
"O Senhor dos Anéis"


Melhores Efeitos Sonoros
"Chicago"


Melhor Filme Estrangeiro
"Sem Lugar na África" (Alemanha)


Melhor Trilha Sonora
"Frida"


Melhor Atriz Coadjuvante
Catherine Zeta-Jones ("Chicago")


Melhor Maquiagem
"Frida"


Melhor Figurino
"Chicago"


Melhor Curta-Metragem de Ação
"This Charming Man" ("Der Er En Ynding Mand"), Martin Strange-Hansen e Mie Andreasen


Melhor Curta-metragem de Animação
"The ChubbChubbs!" (Eric Armstrong)


Melhor Direção de Arte
"Chicago"


Melhor Ator Coadjuvante
Chris Cooper ("Adaptação")


Melhores Efeitos Visuais
"O Senhor dos Anéis - As Duas Torres"

Melhor Filme de Animação
"A Viagem de Chihiro"


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