O drama de época ''Atonement' (Expiação), de Joe Wright, dá a largada em 29 de agosto na seção competitiva da 64ª Mostra Internazionale d'Arte Cinematográfica, o mais antigo festival de cinema do mundo e um dos tripés da trindade ungida da sétima arte, ao lado de Cannes e Berlim.
''A decisão de abrir a 64ª edição com este filme confirma a vocação pioneira do evento, que no curso de sua história descobriu novas tendências e correntes do cinema contemporâneo, lançando os protagonistas do cinema do futuro'', disse Davide Groff, presidente da Biennale.
Nos 11 dias de festival, os olhos do mundo estarão postos nesta festa que é também um mega-encontro midiático, reunindo arte e espetáculo, ensaio cabeça e mundanidade, vanguarda estética e sagração do entretenimento, experimentação autoral e glamour do star system.
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Esta combinação, que à primeira vista parece indigesta, ganha cada vez mais espaço entre as curadorias dos grandes certames mundiais. Em Veneza, o responsável pela fórmula - que vem dando certo - é o diretor Marco Muller, homem forte do segmento cinema da Biennale.
Uma evidência de que o hibridismo tomou mesmo conta da programação veneziana é a presença dominante de produções dos Estados Unidos. São 18 títulos entre 57 longas-metragens selecionados para todas as sessões. Quinze em pré-estréia mundial, sendo 9 na competição principal entre os 22 que concorrem ao Leão de Ouro - o fato sem precedentes é justamente o numero de inéditos a aportar em Veneza. Este quadro, se por um lado assusta a crítica mais exigente, por outro garante desde já uma intensa euforia focada na plena circulação e badalação de nomes famosos.
Entre os veteranos - todos com mais de 50 e invejável bagagem - que disputam o grande prêmio estão o taiwanês Ang Lee, que volta ao festival dois anos após vencer com ''Brokeback Mountain''; o egípcio Yussef Chahine; o americano Brian De Palma; o sempre polêmico inglês Peter Greenaway; outro inglês, Ken Loach, Palma de Ouro em Cannes ano passado; o francês Eric Rohmer, aos 87 anos uma instituição do cinema mundial; o sempre apreciável russo Nikita Mikhalkov e o radical japonês Takashi Miike.
Nas seções paralelas (Orizzonti - ficção e documentário, e os fora de concurso, chamados de eventos especiais) há atrações irresistíveis, como os mais recentes trabalhos de Woody Allen (''Cassandra's Dream''), Jonathan Demme, Jia Zhangke (Leão de Ouro ano passado), Takeshi Kitano, Manoel de Oliveria (''Cristóvão Colombo, o Enigma''), Claude Chabrol, Shinji Aoyama. Entre os latinos, o Brasil, mesmo sem participar do banquete principal, foi agraciado com três vagas. Julio Bressane está incluído na seção ''Mestres de Veneza'', o que não é pouco; Joel Pizzini e Paloma Rocha, com ''Anabazys'', e mais Cão Guimarães com ''Andarilho'' estão em Orizzonti Doc.
Três grandes diretores receberão homenagens. Tim Burton é Leão de Ouro pela carreira. Bernardo Bertolucci é Leão de Ouro Especial pelos 75 anos da Mostra. E o alemão Alexander Kluge, um dos pais do Novo Cinema Alemão, nasceu em 1932, mesmo ano em surgiu o festival veneziano. Ele será o curador de uma retrospectiva histórica que fará a ligação entre cinema, artes visuais, música e teatro.
Apadrinhada (e selecionada) por Quentin Tarantino, uma abrangente retrospectiva do western spaghetti vai mostrar 40 filmes considerados cult, entre eles vários que haviam desaparecido de circulação e agora reaparecem restaurados, como ''Por Um Punhado de Dólares'', de Sergio Leone. Aliás, restauração se tornou item obrigatório nos grandes festivais, e só aqui estão mais de 30 títulos. As expectativas se concentram em ''Intolerância'', que o pioneiro D.W. Griffith realizou em 1917, ''A Idade da Terra'', de Glauber Rocha, e o a versão dita definitiva de ''Blade Runner''.
Pela segunda vez em sua história (a primeira foi ao comemorar 50 anos), o Festival de Veneza terá um júri somente de cineastas: Zhang Yimou (presidente), Emanuele Crialese (Itália), Ferzan Ozpetek (Turquia), Catherine Breillat (França), Jane Campion (Nova Zelândia), Alejandro González Inárritu (México) e Paul Verhoeven (Holanda).
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Filmes em competição:
"Atonement" (Joe Wright, Reino Unido/EUA) - Filme de abertura
"The Darjeeling Limited" (Wes Anderson, EUA)
"Sleuth" (Kenneth Branagh, Reino Unido/EUA)
"Heya Fawda"/"Le Chaos" (Youssef Chahine, Egito)
"Redacted" (Brian De Palma, EUA)
"The Assassination of Jesse James by the Coward Robert Ford" (Andrew Dominik, EUA)
"Nessuna Qualità agli Eroi" (Paolo Franchi, Itália/Suíça/França)
"Michael Clayton" (Tony Gilroy, EUA)
"Nightwatching" (Peter Greenaway, Reino Unido/Polônia/Canadá/Holanda)
"En la Ciudad de Sylvia" (José Luis Guerin, Espanha)
"In the Valley of Elah" (Paul Haggis, EUA)
"I'm not There" (Todd Haynes, EUA)
"Taiyang Zhaochang Shenqi"/"The Sun Also Rises" (Jiang Wen, China)
"Bangbang wo Aishen"/"Help me Heros" (Li Kangsheng, Taiwan)
"La Graine et le Mulet" (Abdellatif Kechiche, França)
"Se, Jie"/"Lust, Caution" (Ang Lee, Taiwan)
"It's a Free World..." (Ken Loach, Reino Unido/Itália/Alemanha/Espanha)
"L'Ora di Punta" (Vincenzo Marra, Itália)
"Sukiyaki Western Django" (Takashi Miike, Japão)
"12" (Nikita Mikhalkov, Rússia)
"Il Doce e l'Amaro" (Andrea Porporati, Itália)
"Les Amours d'Astrée et Céladon" (Eric Rohmer, França/Itália/Espanha)
Fora de concurso:
"Cassandra's Dream" (Woody Allen, Reino Unido/EUA)
"Cleópatra" (Júlio Bressane, Brasil)
"La Fille Coupée en Deux" (Claude Chabrol, França)
"Chun-nyun-hack"/"Beyond the Years" (Im Kwon Taek, Coréia do Sul)
"Kantoku banzai!"/"Glory to the Filmmaker!" (Takeshi Kitano, Japão)
"Cristóvão Colombo - O Enigma" (Manoel de Oliveira, Portugal)
Homenagens:
Tim Burton - Leão de Ouro pela carreira
Bernardo Bertolucci - Leão de Ouro dos 75 anos do festival
Alexander Kluge - Homenagem
Western all´Italiana - Retrospectiva
Seção Veneza Horizontes
"Sad Vacation" (Shinji Aoyama, Japão)
"Mal Nascida" (João Canijo, Portugal)
"Searchers 2.0" (Alex Cox, EUA)
"Médée Miracle" (Tonino De Bernardi, Itália/França)
"Cochochi" (Laura Amelia Guzmán e Israel Cárdenas, México/Reinou Unido/Canadá)
"Geomen Tangyi Sonyeo Oi" (Jeon Soo-il, Coréia do Sul/França)
"L'Histoire de Richard O." (Damien Odoul, França)
"Sügisball" (Veiko Õunpuu, Estônia)
"Die Stille vor Bach" (Pere Portabella, Espanha)
"Exodus" (Penny Woolcock, Reino Unido)
"Xiaoshuo" (Lü Yue, China)
Seção Horizontes documentários:
"Staub" (Hartmut Bitomsky, Alemanha)
"Madri" (Barbara Cupisti, Itália)
"Kagadanan sa Banwaan Ning mga Engkanto" (Lav Díaz, Filipinas)
"Man from Plains" (Jonathan Demme, EUA)
"L'Aimée" (Arnaud Desplechin, França)
"San" (Du Haibin, China)
"Andarilho" (Cao Guimarães, Brasil)
"Wuyong" (Jia Zhangke, China)
"Il Passaggio della Linea" (Pietro Marcello, Itália)
"Anabazys" (Joel Pizzini e Paloma Rocha, Brasil)
"Berlin" (Julian Schnabel, EUA)