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A Mídia Demente - ‘15 Minutos’

26 abr 2001 às 11:50
Robert de Niro interpreta Eddie Fleming, um tira que busca autopromoção sempre que pode - Reprodução
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Carlos Eduardo Lourenço Jorge
De Londrina
Especial para a Folha 2

Não é um grande filme. Longe disso. ‘15 Minutos’ é mais um entre dezenas de policiais que lidam com perversos e requintados psicopatas à solta na megalópole. É outro que circunstancialmente junta homens da lei de perfis diferentes, opondo a malandragem de um veterano e as melhores intenções idealistas de um mais jovem. Mas alguma coisa acaba desviando este trabalho da trilha mais batida, do dejà vu desinteressante.
‘15 Minutos’ traz Robert De Niro como Eddie Fleming, um tira que se autopromove sempre que pode. É uma celebridade em Manhattan, conhecido e admirado pela população que o reconhece, claro, graças a uma superexposição na tevê através de um programa policial sensacionalista e de vasta audiência, comandado por um jornalista (Kelsey Grammer) na linha ‘reality show’, um espécie de Ratinho do primeiro mundo, mantendo algum vestígio de finesse para embrulhar melhor o produto e engrossar – em qualquer sentido – os índices de audiência.
Os delinquentes da trama chegam à América pelas vias alfandegárias normais. São eles um russo e um tcheco, Emil e Oleg (Oleg Taktarov e Karel Roden), à procura de um primo que deve algum dinheiro. O parente e a mulher são encontrados e mortos. Antes do crime, porém, Karel rouba uma câmera digital de última geração, e sua estréia como ‘cineasta’ é justamente o registro do crime. A partir deste momento ele passa a registrar em imagens a evolução criminosa do parceiro Emil. No rastro da dupla, o policial De Niro e um detetive do Corpo de Bombeiros especializado em incêndios criminosos.
Desde a camaradagem entre os homens da lei até as perseguições e correrias atrás dos dois ‘eurotrash’, tudo é muito previsível. Quase tudo. O que faz a diferença e deixa ‘15 Minutos’ atraente é o jogo da mídia em busca de sangue nas ruas, é a relação doentia entre o psicopata da câmera e seu ‘ator’ preferido, a ligação que eles estabelecem entre o fim (os 15 minutos de fama, acrescidos de impunidade) e o meio (a doentia credibilidade popular desfrutada pelo jornalista que coloca no ar o brutal registro documental de um crime, com a autoria revelada pelas próprias imagens).
‘15 Minutos’ se deixa ver sem problemas como uma cínica, selvagem sátira sobre a banalização da violência, a mídia, a corrupção, a depravação e os vícios nela embutidos. Diante deste panorama inquietante é possível esquecer alguma implausibilidade do roteiro escrito pelo próprio diretor, John Herzfeld, a infindável coleção de locações espalhadas por Nova York inteira, um certo enfado de Robert De Niro e a canastrice de Edwar Burns.
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