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Cris Fiedler
23 abr 2001 às 17:22

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Passados 20 anos do auge do cinema novo no Brasil, os diretores do país passaram a se preocupar em agradar ao público. Deixaram de lado as buscas documentais da realidade do sertão nordestino para trazer as histórias para a realidade cotidiana do meio urbano. Tolerância é um deles.
A direção marcante, assinada por Carlos Gerbase, dá o tom a um conflito em família envolvendo amor, sexo, crime e traição.
Márcia (Maitê Proença) é uma advogada bem sucedida casada com um ex-fotógrafo, Júlio (Roberto Bomtempo). Ela é a voz forte deste relacionamento, é quem dita as regras. Em uma conversa com o marido, ela conta que dormiu com um cliente. Apesar do pacto de sinceridade que os dois fizeram - um deveria contar tudo para o outro - Júlio começa a sentir os efeitos da traição e vê em Ana Maria (Maria Ribeiro) - uma amiga de sua filha - a chance para se vingar. Indeciso, ele não sabe se aproveita a chance. Só consegue concretizar a vingança depois que a mulher o empurra para a cama da moça. A partir daí, o conflito em família se transforma numa história policial. Ana Maria acaba morta e fica por conta do espectador descobrir quem é o assassino. O final é surpreendente, digno de um roteiro assinado a quatro mãos: Carlos Gerbase, Jorge Furtado, Giba Assis Brasil e Álvaro Teixeira.
Quem conta a história é Júlio, numa ótica bem sexual do amor, visão que não foi poupada pelo diretor. Tolerância tem cenas de sexo explícito, bem ao estilo do cinema nacional. Júlio é dominado pela esposa e precisa passar pelo choque da traição e um tempo na cadeia para tornar-se mais forte. As descobertas de Júlio tembém servem para fervilhar um pouco o casamento com Márcia, que andava meio morninho. Tem gente que toma um caminho meio torto quando resolve arrumar a casa.
Pena que essa história de duas facetas - família e crime - traga um elenco que não convence. Com exceção de Maitê Proença, que segura o filme todo o tempo. Roberto Bomtempo dá um tom artificial para o tipo "perdidão" de Júlio. A jovem atraiz gaúcha, Ana Maria Mainieri, no papel da filha do casal, mostra que ainda tem muito o que aprender. Mariana Ribeiro, Ana Maria, consegue uma interpretação um pouco melhor que Mainieri, apesar das forçadas caras e bocas.
A pretensão do diretor de fazer com que o público se identifique com a história é conseguida por explicitar o ciúme e a traição, medos que atormentam homens e mulheres desde que o mundo é mundo. O que você faria se seu marido ou esposa o traísse e ainda fizesse questão de te contar?
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