Escolhido este ano para ser o grande homenageado do 62º Festival de Veneza com o Leão de Ouro especial pela carreira, no início de setembro, um dos maiores mestres do cinema de animação, Hayao Miyazaki, assina este é desde já um dos melhores filmes do ano, e não apenas no segmento específico.
A magia de Hayao Miyazaki (''A Viagem de Chihiro'', Oscar em 2002) e de seu estúdio Ghibli parece não dar sinais de esgotamento com os anos. Pelo contrário, está sempre adiante, explorando novos temas e narrativas sempre com a bandeira da mais imaginativa fantasia. Aos olhos do espectador médio os filmes podem parecer meros contos, mas suas histórias sempre oferecem um pano de fundo que desperta reflexões de alguma espécie.
Seu novo trabalho, ''O Castelo Animado'' (''Hauro No Ugoku Shiro''), que estréia em todo o Brasil, é uma prova consistente. O filme narra o encontro da jovem Sofia com Howl, um bruxo bom que a salva da bruxa má e inimiga. Mas a feiticeira não desiste e transforma Sofia numa velha de 80 anos.
Este mundo fantástico, que lembra países e lendas do norte europeu no século 19, está a ponto de entrar em guerra, e os bruxos e bruxas devem escolher um dos lados para lutar. É quando entra em cena o castelo andante (ou animado, como quer o título em português) do bruxo Howl.
Sofia se torna amiga de quem vive no castelo e descobre antigos segredos do dono, nem tão corajoso e imutável como se imagina. Eles acabam vivendo uma acidentada história de amor.
Miyazaki e equipe se superam, criando um universo gigantesco e colorido em que os níveis de detalhe são absolutamente fantásticos. O desenho dos personagens é perfeito, e as criaturas animadas são recheadas de carisma e personalidade menção especial a Calcifer, a lhama-demônio que controla a caldeira do castelo.
Há sequências épicas espetaculares, criando permanente interesse quanto ao futuro do bruxo e de seus companheiros de aventura. A animação tradicional predomina, e a utilização do computador para simular o movimento do enorme castelo não cria qualquer conflito entre tecnologias.
O conceito de fantasia ganha aqui contornos insuspeitados, e é extremante oportuno que ''O Castelo Animado'' se coloque em sala ao lado desta bobagem inominável e nociva que atende pelo nome de ''Pokemón 4 - Viajantes do Tempo''.