''Eu e o Cacá somos uma dupla de trapezistas. Toda vez que eu trabalho com ele, eu me sinto como se estivesse me atirando num salto mortal triplo. E eu sei que ele sempre vai me pegar do outro lado''. Assim o ator José Wilker definiu o seu trabalho com o diretor Cacá Diegues. Wilker esteve em Curitiba para divulgar ''O Maior Amor do Mundo'', uma semana antes da estréia nacional, marcada para o dia 7 de setembro. Este é o quinto filme de Diegues com participação do ator.
O roteiro conta a história de Antônio (Wilker), um astrofísico brasileiro que mora nos Estados Unidos. Ao mesmo tempo em que é convidado a vir ao Brasil para receber uma homenagem do Governo Federal, o cientista descobre que só tem alguns meses de vida, devido a um tumor no cérebro. No Rio de Janeiro, seu pai adotivo, que vive num asilo, conta que sabe quem é a mãe biológica de Antônio. Na busca de suas origens, o astrofísico se envolve com moradores de uma favela na Baixada Fluminense. No elenco, além de Wilker, estão Taís Araújo, Léa Garcia, Sérgio Britto e Marco Ricca.
''Foi bastante diferente dos outros filmes de que participei. Antes, eu fui mais exigido para uma interpretação mais exteriorizada, expansiva. Esse filme me exigiu uma concentração muito grande, uma disciplina muito particular'', comentou Wilker.
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O ator afirmou que considerou emocionante a forma como mazelas de regiões pobres do Rio foram retratadas, como o tráfico de drogas e as péssimas condições de habitação. ''Uma cena que eu destaco é uma que mostra um menino vendendo drogas para um cara vestido de Papai Noel, magérrimo, subnutrido. Isso é tão brasileiro... Os nossos mitos se esfacelam a cada minuto, mas a gente continua, acreditando, com uma alegria quase subversiva'', apontou Wilker.
''Uma qualidade do Cacá, e que é rara no meio, é que ele tem senso comum. 'O Maior Amor do Mundo' é um catálogo de amores: o amor carnal, o amor de mãe, o amor de pai, o amor de amigo e o amor por si. O personagem descobre a capacidade de se aceitar, de suportar a si mesmo'', disse o ator.
Com uma das carreiras mais emblemáticas do cinema brasileiro, tendo participado de 54 filmes nacionais, Wilker recebeu em Curitiba uma homenagem por sua contribuição. Ele destacou a importância do cinema do Brasil. ''Quando atuei em 'Bye Bye Brasil', eu tinha a impressão de que o País ia se dividir em cinco. O audiovisual brasileiro, para o bem e para o mal, integrou esse país. Hoje, o Acre é tão Brasil quanto o Paraná'', afirmou.
Wilker elogiou a diversidade temática e estilística do cinema brasileiro atual, mas ponderou que o maior Oscar que os filmes nacionais poderiam receber seria a adesão popular. ''O cinema brasileiro viveu vários ciclos, que eu chamo de surtos. O surto atual me parece o mais sólido. Nós fizemos muitos filmes no passado, alguns muito bons. Mas parece que agora a gente tem a oportunidade de criar efetivamente um cinema brasileiro, uma indústria, capaz de ter continuidade'', disse o ator.