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‘Superbad’ é uma grata surpresa entre as estréias da semana

Carlos Eduardo Lourenço Jorge
19 out 2007 às 11:00

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- Divulgação
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Comédias juvenis. Quem já não rangeu os dentes na sala escura diante de enxurradas de baboseiras, besteiróis, escatologias ou todas estas disfunções reunidas? Personagens clicherizados, narrativas estéreis e sem graça, realismo duvidoso - o gênero usou e abusou da paciência nossa de cada sessão, até que seu público adolescente e preferencial bateu em retirada. Este ''Superbad - É Hoje'' que chega ao circuito nacional, se não é exceção à regra, está acima daquelas vulgaridades absolutas de tempos nem tão distantes assim.

Destilado da mesma poção de cultura (pop ?) e criatividade (?) que entregou recentemente comédias neo-vulgares como ''Penetras Bons de Bico'', ''Ligeiramente Grávidos'' e ''O Virgem de 40 Anos'', este ''Superbad'' requenta em óleo de melhor qualidade um tema muito transitado no gênero: a busca do sexo fácil.

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O filme se detém em Evan (Michal Cera) e Seth (Johan Hill), amigos desde sempre prestes a entrar na universidade. Pela primeira vez vão se separar, e por isso, preparam uma despedida inesquecível: a festa organizada por duas garotas (Emma Stone e Martha McIsaac). Querendo ficar com as duas, os rapazes prometem levar bebida à festa, mas não podem comprar porque são menores. Recrutam a ajuda do amalucado Fogell (Christopher Mintz-Plasse) e sua providencial identidade falsa. Mas os planos ficam bem comprometidos quando entram em cenas uns policiais bem estranhos.

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O roteiro tem tanto falhas como acertos. E por incrível que pareça, da parte dos acertos estão diálogos escritos com rara dose de brilho vulgar. E também a plausível relação entre Evan e Seth e os múltiplos níveis da história. Na superfície os dois estão em busca de álcool e sexo, mas deixam entrever (para quem sabe olhar) uma veia emotiva que muito raramente aparece em filmes do tipo - exemplo bem próximo é ''O Clube dos Cinco'', espécie de ''clássico'' que John Hughes realizou em 1984.

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Se em diversos momentos a vulgaridade preside a conduta dos personagens, ela alcança o espectador com um grau de honestidade que enxuga a malícia e a ofensa. E, em boa medida por conta da boa atuações dos jovens atores em cena, compondo personagens que não perdem credibilidade e nem se convertem em construções abstratas.


Bem, há que destacar os deslizes. Como o distanciamento entre a dupla de personagens centrais. Quando cada um parte em busca das respectivas aventuras, o filme sofre quedas sérias de ritmo, a ação se dilui e o tempo se arrasta. Quando de novo juntos, ''Superbad'' volta a crescer. É a famosa química. Há também excessos, ou melhor, intromissões na narrativa. Como a festa violenta para onde vão os jovens à procura de álcool, perfeitamente dispensável. Ou como as cenas com os policiais, idem.

De qualquer maneira, o filme do diretor Greg Mottola conta uma história apoiada em inesperado impacto emocional, e por isso é por direito adquirido herdeiro do legado das comédias dos anos 1980. Seu tom mais realista é outro elemento que o torna mais palpável e menos idealizado.


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