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Roteiro fraco e visual forte

Andrea Nunes
23 mar 2001 às 17:22

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Marisa Tomei: sonâmbula - divulgação
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O estreante diretor de cinema Joe Charbanic é bastante experiente na área de vídeo-clipes. Dizem que ele aceitou a tarefa de dirigir "O Observador" por indicação de Keanu Reeves, que além de ator é músico do grupo de rock Dog Star e gostou muito do trabalho em vídeo feito por Charbanic para sua banda. Mas este thriller psicológico decepciona e afasta qualquer possibilidade de sucesso junto ao público devido aos imensos buracos negros no roteiro e à uma direção bastante fraca.
Como é o caso de vários diretores de vídeo-clipe, Charbanic é extremamente criativo com a câmera. Ele usa ângulos inovadores, planos fechados, cortes rápidos na edição e uma fotografia sombria com muita eficiência. Ao lado do veterano diretor de fotografia Michael Chapman ("Taxi Driver" e "Touro Indomável"), ele traz um visual forte para a tela. Entretanto, essa é apenas uma parte do trabalho a ser desenvolvido por um diretor em um filme.
O diretor de um longa-metragem deve ainda dar coesão à história, eliminando qualquer inconsistência do roteiro. Mais importante que isso, ele deve garantir que o elenco interprete apropriadamente suas personagens. Nesses aspectos, Charbanic não obteve êxito em sua função e isso prejudica o filme.
Deve-se confessar, porém, que o argumento inicial do filme é intrigante. David Griffin Allen (Keanu Reeves, de "Advogado do Diabo", "Matrix" e "Velocidade Máxima") é um assassino em série que desenvolveu uma obsessão por Joel Campbell (James Spader, de "Stargate", "Crash - Estranhos Prazeres" e "Wall Street"), o policial que, por muito tempo, não saiu da cola do criminoso. Quando se aposenta da força policial de Los Angeles por problemas de saúde e muda-se para Chicago, o assassino o segue e resolve cometer seus crimes nessa cidade, a fim de atormentar seu adversário.
Griffin envia a Campbell fotos de suas próximas vítimas com um dia de antecedência e o desafia a tentar achá-las antes que as mate. A trama justamente se apoia a esse ponto, mas perde o rumo totalmente quando Griffin atrai Campbell até um cemitério e os dois inimigos se encontram face a face. A partir daí, o filme afunda de vez em bobagens e seqüências inúteis.
A performance dos atores é problemática. Keanu Reeves foi mal escalado como o assassino. Seu estigma de bom rapaz é muito forte para viver nas telas um sociopata, e ele não dá conta do recado. Geralmente dinâmica e energética, Marisa Tomei parece uma sonâmbula em seus diálogos com Spader durante as cenas em seu consultório psiquiátrico. Mas a atriz se redime no final do filme quando sua personagem é seqüestrada pelo assassino. As cenas em que ela faz uma vítima aterrorizada são ótimas.
A culpa de atuações tão superficiais é mais do roteirista David Elliot e do diretor Joe Charbanic, que deram poucas possibilidades de desenvolvimento àos personagens, do que do elenco. Enquanto as imagens encantam e entretêm o espectador, os atores não conseguem salvar o filme com diálogos rasos e piadinhas infames. Apesar das imagens serem importantes num thriller de suspense, elas não podem compensar performances tão apáticas.
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