Entrar na mente e no coração de quem começa a descobrir a vida, e perder-se num universo em que a imaginação pode desfazer injustiças e crueldades que os homens criaram. Este é o propósito da história contada em ''Ponte para Terabítia''.
Colocado desta maneira, parece tão pretensioso quanto impossível, já que se trata de produção com selo comercial de Hollywood. Mas há milagres, mesmo nesta indústria tão frequentemente insensível e avessa a propostas inteligentes.
Mais que um conto fantástico ou de aventuras, trata-se de um pequeno mas eficaz compêndio de iniciação diante dos paradoxos, mistérios e contrariedades da vida. É um drama, na verdade suavizado e contido em seus momentos mais graves; luminoso em seu recado e suave em sua forma de se apresentar.
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A história se vale de algumas situações familiares e escolares bem conhecidas, quase arquétipos, e recorre aos efeitos especiais apenas para ressaltar a supremacia do binômio coração-imaginação.
Jess (Josh Hutcherson) e Leslie Burke (AnnaSophia Robb) são dois jovens amigos que na escola combinam seus talentos, ele no desenho, ela na imaginação solta para criar histórias.
E juntos inventam Terabítia, mundo mágico ao qual supostamente se chega quando se balança numa velha corda pendurada sobre um riacho num bosque nas cercanias. Neste reino encantado, Leslie e Jess lutam contra o Mestre Obscuro, ao mesmo tempo em que planejam revanche com os abusivos colegas de escola.
Baseado em aclamado best-seller de Katharine Paterson, o diretor estreante Gabor Czupo, criador dos Rugrats, se dá muito bem ao adaptar esta história na qual sobressaem alguns dos valores básicos de fantasias aventureiras que tanta fama e dinheiro deram a autores como Tolkien (Senhor dos Anéis), Michael Ende (História Sem Fim), Rowling (Harry Potter) e C.S. Lewis (Narnia).
Há equilíbrio e bom senso nesta narrativa que enfatiza muito mais a amizade, a imaginação infantil, os mundos mágicos evasivos e as situações que permitem um melhor clima para o iminente rito de passagem.
O poder da imaginação tem prevalência sobre os costumeiros excessos visuais, com a orgia de efeitos computadorizados cedendo lugar ao tradicional relato de transição etária. Há sensibilidade no tratamento dos personagens e se evita com critério a sempre nociva manipulação. Um bom programa, para filhos e pais.