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''Piratas do Caribe - O Baú da Morte'' é uma boa aventura e mantém a platéia cativa

Carlos Eduardo Lourenço Jorge
Especial para a Folha 2
20 jul 2006 às 19:42

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- Divulgação
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Já fazia um bom tempo que Hollywood não ria à toa diante daquela velha pratica de contar muito dinheiro, ultimamente posta em desuso como resultado da própria incompetência. Embora ainda cedo para se obter um quadro mais definido desta recente recuperação contábil, algumas produções, ancoradas nos mercados norte-americano (Estados Unidos e Canadá) e internacional, neste ''verão da salvação'', trouxeram alívio a apreensivos produtores enredados na velha e traiçoeira formula despesa versus receita.

Depois da ótima performance financeira de ''Código Da Vinci'', ''Missão Impossível 3'' e '' A Era do Gelo 2'', na últimas semanas títulos certeiros como ''Carros'', ''Click'', ''Os Sem Floresta'' e ''Superman - O Regresso'' injetaram ainda mais otimismo numa indústria que já andava atrás de reza brava e patuás, tamanhos os acidentes de percurso, eufemismo conveniente para desastres abrangendo todos os departamentos, da criação (roteiros péssimos) ao marketing, este com culpa atenuada por lidar com a própria debilidade dos produtos à venda nos balcões internacionais.

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E então, seguindo este mapa de pistas seguras, ''Piratas do Caribe - O Baú da Morte'' lançou âncora há duas semanas e simplesmente arrasou. Bateu, num único final de semana, todos os recordes históricos da verdade e da lenda, amealhando um tesouro de US$ 135 milhões - até anteontem, com doze dias de exibição em 4.133 salas somente em território dos EUA, o acumulado era de US$ 280 milhões, segundo o detalhado e confiável site Box Office Mojo.

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Divertido e interminável. Se fosse obrigatório definir em apenas duas palavras a segunda parte de ''Piratas do Caribe'', estas seriam as mais justas. Com duas horas e meia de duração, várias linhas narrativas superpostas, diferentes centros de atenção e sub-tramas que proliferam tanto como os falsos olhos de Johnny Depp numa das cenas mais hilárias do filme, ''O Baú da Morte'' parece imaginar seu espectador como um consumidor bulímico. Assim, o filme se assemelha a um vasto bufê livre onde predominam polvos e demais espécies marinhas, e que depois de consumidas à vontade não se corre o risco de indigestão. É um banquete, sem dúvida, pleno de excessos, mas perfeitamente palatável como entretenimento. Aliás, fecho de tesouro para umas férias recheadas de boas aventuras.

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Retomando a história a partir do final da primeira parte, e com Geoffrey Rush (capitão Barbossa) reaparecendo na última cena desta segunda para habilitar a terceira já a caminho, ''O Baú da Morte'' mantém a platéia cativa, razão pela qual é conveniente, embora não obrigatório, que se tenha visto ''A Maldição do Pérola Negra''. Platéia que certamente estará firme diante na tela a partir de 24 de maio de 2007, dia fixado com quase um ano de antecipação para a estréia brasileira do arremate da trilogia.


Todo começa quando a óssea beleza de Elizabeth Swann (Keira Knightley) e o sempre desengrenado Will Turner (Orlando Bloom) estão para se casar diante do pai dela, o governador da Ilha de Tortuga (Jonathan Price, novamente debaixo daquela anelada e terrível peruca). Ao ato comparece o perverso Lord Beckett (Tom Hollander), que impede o casamento e ainda atira os noivos às masmorras. Beckett liberta Will para que ele vá atrás de Kack Sparrow (Johnny Depp, reprisando aquele maneiroso bucaneiro). A idéia é obter certa chave que abrirá uma arca repleta de dobrões de ouro.


Para monitorar a trama, o diretor Gore Verbinski põe em marcha uma onerosa maquinaria de efeitos especiais, sobretudo muito em função de um único personagem, exatamente o Sparrow vivido por Depp, de característico andar bamboleante em meio às muitas peripécias que lhe armou o roteiro. Incluindo seu sequestro por uma tribo de canibais que o elegeram uma espécie de deus que deve ser devorado por inteiro. E as atribulações filológicas que seus amigos piratas parecem adorar. E a bruxa vudu, e mais a tripulação mutante e viscosa do navio Holandês Voador, capitaneado pelo ótimo ator inglês Bill Nighy, que construiu seu personagem Davy Jones com uma dicção cristalina, pausada, temível.

Levando-se em conta que outro dos atrativos principais é um monstro marinho chamado Kraken, polvo gigante que aqui e ali surge das profundezas, parece até absolutamente coerente que a narrativa seja assim mesmo, tentacular, feita de centenas de braços móveis, flexíveis e proliferantes. Foi divertido para quem fez e felizmente - se bem que meia hora a menos faria bem enorme a ''O Baú da Morte'' - resultou divertiu também para quem está assistindo. Palavra de pirata.


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