O filme assinado por Aníbal Massaini Neto, com lançamento em amplo circuito nacional, no Paraná inclusive - sete salas na capital e seis no interior durante a semana de estréia -, chega às telas com a pretensão de ser uma completa cinebiografia de Edson Arantes do Nascimento.
Uma narrativa sobre o Pelé de domínio universal, um documento feito para brasileiros de todos os sexos e idades, amantes ou não do futebol. Os mais velhos provavelmente vão se emocionar com o resgate de maravilhas dentro das quatro linhas, e a garotada vai se regalar descobrindo que sempre houve alguém muito maior que ronaldos, kakás e ronaldinhos.
E se você é daqueles que nunca se satisfazem com a quantidade sempre exagerada dos tais ''gols da rodada'' nos telejornais da noite (muitos sem qualquer encanto), compre logo seu ingresso e prepare-se para uma overdose: são 450 gols selecionados entre os 1.281 que o Pelé marcou ao longo de 21 anos de uma carreira de 1.375 jogos, 59 campeonatos, muitos títulos e muitas glórias.
''Pelé Eterno'' foi construído em cima de 25 horas de material, reduzidas na edição final para pouco mais de 2 horas, em processo ''extremamente doloroso'', segundo Massaíni Neto.
O filme custou R$ 6 milhões e teve roteiro ''aberto'' do jornalista e cineasta José Roberto Torero, já que à medida em que novas imagens iam sendo descobertas o texto ia sendo modificado.
E foram cinco anos de buscas por imagens de gols inéditos, cenas raras ou nunca vistas que marcaram a carreira do Rei, como ficou conhecido para a sempre a partir do batismo feito pelo dramaturgo Nelson Rodrigues, também cronista esportivo e fanático por fubebol mais precisamente, pelo Fluminense.
Estão ainda no filme 3 mil fotografias, 210 narrações de gols, 150 depoimentos de amigos e 1500 manchetes de época no mundo inteiro. Muito do que ficou de fora desta versão para os cinemas vai ser incluído nas cópias em DVD e na minissérie que deve chegar à televisão em 2006, ano da Copa do Mundo e marco do cinquentenário do início da carreira de Pelé.
Além disso, dois gols ''desaparecidos'' de registros filmados foram recriados através de reconstituiçãoes. Dois entre os mais assombrosos marcados por Pelé, e cuja ''pintura'' ficou restrita à memória dos privilegiados que estavam nos estádios.
O primeiro, em 1959, na rua Javari, São Paulo, não foi sequer filmado. A partir de depoimentos, o lance foi recriado digitalmente. O próprio Pelé, usando uma roupa especial que capta os movimentos pelo computador, esteve no estúdio para ''refazer'' o tal gol, marcado contra o Juventus e considerado o mais belo de sua carreira.
O outro gol antológico foi feito contra o Fluminense em 1961, no Maracanã. Segundo o diretor Massaini, cinco câmeras flagraram o momento, mas nenhuma imagem foi encontrada. Foi o chamado Gol de Placa, recriado nos mínimos detalhes para o filme por jogadores amadores.
Entre as preciosidades incluídas em ''Pelé Eterno'' está a estréia do jogador no Maracanã, aos 17 anos, marcando seus primeiros gols e jogando com a camisa do Vasco. Outra raridade é a estréia de Pelé estreando na Seleção Brasileira, também em 57 e de novo no Maracanã. Ou ainda o craque atuando como goleiro contra o Grêmio. E o gol-relâmpago, histórico, o mais rápido de sua carreira, contra o Corinthians.
''Eu fiquei embasbacado com as imagens. É uma obra assombrosa, acima de qualquer expectativa. Mostra que a utopia no futebol existe'', confessa o cronista Armando Nogueira, que participou da produção criando textos e do making of do documentário.
O diretor Aníbal Massaíni Neto, por sua vez, sintetiza a idéia do filme: ''O objetivo maior é mostrar para esta nova geração a arte futebolística de Pelé. O simples fato de vê-lo em ação já é digno de respeito. O filme resgata um tipo de futebol que morre a cada dia, com o esporte cada vez mais profissionalizado e sério''.