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Ótimos efeitos, péssima história

Andrea Nunes
23 nov 2000 às 17:22

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Tarsem Singh, que já ganhou um MTV Music Awards com o vídeo Losing My Religion, da banda R.E.M., faz sua estréia em Hollywood trazendo para o espectador as lentes olho de peixe dos seus comerciais de TV e decidindo concentrar toda a sua experiência em apresentar um visual surpreendente e uma viagem audível pela mente de um assassino em série em A Cela.
Carl Stargher (Vincent D'Onofrio, de 13º Andar) é um misto de Hannibal Lecter e Charles Manson, um psicopata que mata mulheres afogando-as em celas de vidro, sempre filmando todo o processo. Em seguida, ele desfigura os corpos para fazê-las parecer com bonecas e depois as joga de pontes em valas e riachos. Um cara legal. Ele também gosta de suspender a si próprio em correntes presas a ganchos inseridos diretamente em suas costas. Fascinante.
Enquanto isso, o agente boa pinta do FBI Peter Novak (Vince Vaughn, de Psicose) está chegando perto do paradeiro do assassino. Ele tem 40 horas para salvar a vida de uma garota seqüestrada antes que a cela onde está presa comece a ser inundada com água. Pouco tempo depois Carl é apreendido, depois de ter um colapso esquizofrênico e entrar em estado de coma no chão de sua cozinha.
Mas como os policiais vão descobrir onde sua última vítima está? Ah, se ao menos eles pudessem entrar na mente do assassino... Mas que coincidência! Catherine Deane (Jennifer Lopez, de Irresistível Paixão) é uma psicóloga infantil envolvida em um projeto experimental que a permite justamente viajar dentro da mente de vítimas de coma.
E então começa um estranho festival de efeitos visuais e sonoros, combinados de uma forma tão incomum que você realmente sente como se estivesse tendo um sonho... nem tão agradável assim. A mente de Carl não é só distorcida, é também violenta, perturbadamente sexual e muito gráfica. Não dá nem para usar um exemplo. Pense em um sonho que você teve e não conseguiu descrever para ninguém. É a mesma coisa que assistir a este filme.

A fotografia foi levada tão a sério que praticamente deixa o elenco em segundo plano e não dá espaço para o desenvolvimento dos personagens. Para se ter uma idéia, apenas metade do filme, aproximadamente, tem diálogo. Uma fotografia fantástica e uma trilha sonora horripilante fazem o filme literalmente ganhar vida própria.
Afora isso, o filme insulta a inteligência do espectador ao tentar ser algo que na verdade não é - original. A atuação é inexpressiva, os diálogos risíveis, é um clichê atrás do outro, e o roteiro você certamente já viu antes. O desfecho então, é o fim da picada! Qualquer episódio da série Millennium do canal de TV a cabo Fox é melhor que este vídeo-clipe em longa-metragem.
Quando tudo é dito e feito, o único personagem que realmente se pode entender é o tal assassino em série. Várias pistas sobre o passado de outros personagens faz acreditar que suas vidas entrariam na trama e que suas próprias memórias seriam testadas e confrontadas. Isso teria levado esta estória a um outro nível psicológico, mas a produção deve ter achado que seria demais para a cabeçinha dos espectadores.
A Cela serve para um único propósito: deixar com vontade de ver coisa muito melhor. O Silêncio dos Inocentes, Seven, Matrix. Dá até para escolher...

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