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O fim da jornada inesquecível

Carlos Eduardo Lourenço Jorge
26 dez 2003 às 17:24

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Em três horas e vinte minutos, o espectador poderá constatar que a saga de J.R.R. Tolkien alcançou nas telas a universalidade de um clássico - Divulgação
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''O Retorno do Rei'', terceira parte de ''O Senhor dos Anéis'', conclui uma das mais ambiciosas e magníficas empreitadas em 108 anos de história do cinema, combinação assombrosa de talento criativo, recursos financeiros e mestria tecnológica.

Decorridos dois anos do impacto inicial de ''A Comunidade do Anel'', e um ano da retomada via ''As Duas Torres'', chegou o momento de, uma vez mais, abrir bem olhos e ouvidos e afinal assistir à consagração de um mito, a conclusão da fantasia mais importante de nossos tempos.

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Muitos vão continuar indiferentes, impassíveis diante de tal obra de arte. Mas na verdade não fazem mais que fechar os olhos para um acontecimento de envergadura artística e histórica que não mais se repetirá e, em certo sentido, não mais será recuperado.

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Esta é a sensação que terão todos os demais espectadores aqueles que se importam à saída dos cinemas: a de que algo belo e colossal, protagonizado por personagens vivos e próximos, está se distanciando, se findando. Mas deixando marcas profundas no imaginário sem fronteiras.

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''O Retorno do Rei'', vasto compêndio dos dois capítulos anteriores, desemboca numa catarse de emoções como só as epopéias universais sabem produzir. Desde as fronteiras de Mordor até o mais profundo das entranhas, e ainda mais além, o épico dos épicos transporta o espectador para a definitiva eclosão do destino de todos os personagens da narrativa.


Não sem antes passar por padecimentos insuspeitados, e só aí então alcançar um desfecho que, sem importar qual seja, glorifica para sempre a saga de J.R.R. Tolkien, a arte e o engenho de Peter Jackson e o Cinema, assim mesmo, com maiúscula.

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Um desfecho que inclui formidáveis e inéditas batalhas, físicas e mentais, e acena para o alvorecer de uma nova era da qual, como alguns personagens, o espectador já não participará.


A estrutura do roteiro de "O Senhor dos Anéis’: O Retorno do Rei'' lembra bastante a do segundo capítulo, com um começo mais tranquilo e expositivo precedido de um prólogo para a delícia de todos que em seguida evolui para uma escalada continua de acontecimentos, como se fosse uma grande e envolvente sinfonia que prolonga sua conclusão até limites extremos.

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As três horas e vinte conseguem assim comprimir todo o terceiro livro de Tolkien e mais uma parte do segundo, sem que se altere substancialmente o original literário de resto, sempre há detalhes que se perdem, e algumas com certeza devem reaparecer nas versões estendidas. E isto, por si só, já seria uma proeza.


Frodo continua de posse do anel, a caminho de Mordor. Com ele, o fiel Sam e o sibilino, ganancioso Gollum combinação de gato com o ator Peter Lorre, liquidificados num computador pronto para matar Frodo e ficar com a jóia.

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Os outros membros da comunidade se posicionam: Galdalf assume o posto de general em Gondor. Aragorn vai em ajuda do mago Gandalf. Com ele, o elfo Legolas e o anão Gimli. Embora o filme acentue a luta entre as forças da escuridão e da luz, os homens não são todos igualmente bons. Enquanto os Orcs marcham em disciplina, os exércitos humanos são indisciplinados.


Não se pode esquecer que ''O Retorno do Rei'', em seu nível mais visceral, é uma grande aventura com muita diversão embutida. Mas sempre há alguma coisa a mais, como diz Gandalf: ''Finalmente chegamos a isto, a esta grande batalha de nossos tempos.'' Ou da maneira como Aragorn exorta seus soldados enquanto o inimigo fecha o cerco. Nestes e em muitos outros momentos, o filme alcança a universalidade de um clássico.

Jackson soube manter a perenidade de Tolkien. Não era uma alegoria na literatura, não é uma alegoria no cinema. Por isso ''O Senhor dos Anéis'' transcende as eras, porque é sobre algo gigantesco, mas ao mesmo tempo individual e global a batalha pela preservação da alma em chave de mão dupla: de fora para dentro e de dentro para fora. Parece complicado? Não, é apenas o de sempre, ''per secula seculorum''.


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