O Auto da Compadecida, minissérie baseada na peça do escritor Ariano Suassuna, foi sucesso na Rede Globo no ano passado e agora chega aos cinemas para marcar a estréia de Guel Arraes como diretor de um longa-metragem.
João Grilo (Matheus Nachtergaele) e Chicó (Selton Mello) são dois nordestinos na luta pela sobrevivência. Depois de percorrer todo o vilarejo de Taperoá atrás de um bico para ganhar uns trocados, são contratados por um padeiro mão-de-vaca (Diogo Vilela) e sua mulher, Dora (Denise Fraga), a maior namoradeira da cidade. Estes e outros personagens são um prato cheio para as artimanhas da dupla faminta.
O filme tem a impressão digital de Guel, dono de um estilo narrativo alucinado, patenteado ainda nos anos 80 com a série Armação Ilimitada e presente, desde então, na sua obra. A trama tem um ritmo frenético e consiste numa tempestade verbal e visual que certamente chama a atenção, mas não oferece pausas para o espectador deter-se sobre uma ou outra imagem.
A direção de fotografia do argentino Felix Monti mantém identidade própria ao longo de todo o filme, mas resulta em centenas de planos mais fechados, picotados pela montagem rápida. À certa altura, tem-se realmente a vontade de visualizar uma imagem parada, aberta, lerda, acompanhada de silêncio.
Se ver o filme pode resultar em curiosa sobrecarga sensorial, os atores são também responsáveis por isso, muito embora isso seja um elogio. Interpretam o material no que pode ser descrito como uma longa série de sustos cômico-dramáticos. É um elenco afinado (Matheus Nachtergaele, Selton mello, Diego Vilela, Denise Fraga, Marco Nanini, Luís Mello, Fernanda Montenegro, Lima Duarte, Rogério Cardoso) que sabe falar, e rápido, com resultados sempre interessantes.
Seja o que for, os temas humanos da obra de Suassuna - como a cobiça e a ganância diante da miséria, o amor superando classes sociais (este enxertado artificialmente para efeito dramático extra), o preconceito, o medo diante da morte e a fé religiosa - chegam intactos e despertam enorme empatia junto ao público, prova de que o filme é ferramenta precisa de diálogo com o público.
A narração é tão clara, e os conflitos tão cristalinos, que resta torcer para que uma tradução inspirada faça o filme viajar o mundo e encantar estrangeiros com a sua linguagem extrema, na fala e no mostrar.
João Grilo (Matheus Nachtergaele) e Chicó (Selton Mello) são dois nordestinos na luta pela sobrevivência. Depois de percorrer todo o vilarejo de Taperoá atrás de um bico para ganhar uns trocados, são contratados por um padeiro mão-de-vaca (Diogo Vilela) e sua mulher, Dora (Denise Fraga), a maior namoradeira da cidade. Estes e outros personagens são um prato cheio para as artimanhas da dupla faminta.
O filme tem a impressão digital de Guel, dono de um estilo narrativo alucinado, patenteado ainda nos anos 80 com a série Armação Ilimitada e presente, desde então, na sua obra. A trama tem um ritmo frenético e consiste numa tempestade verbal e visual que certamente chama a atenção, mas não oferece pausas para o espectador deter-se sobre uma ou outra imagem.
A direção de fotografia do argentino Felix Monti mantém identidade própria ao longo de todo o filme, mas resulta em centenas de planos mais fechados, picotados pela montagem rápida. À certa altura, tem-se realmente a vontade de visualizar uma imagem parada, aberta, lerda, acompanhada de silêncio.
Se ver o filme pode resultar em curiosa sobrecarga sensorial, os atores são também responsáveis por isso, muito embora isso seja um elogio. Interpretam o material no que pode ser descrito como uma longa série de sustos cômico-dramáticos. É um elenco afinado (Matheus Nachtergaele, Selton mello, Diego Vilela, Denise Fraga, Marco Nanini, Luís Mello, Fernanda Montenegro, Lima Duarte, Rogério Cardoso) que sabe falar, e rápido, com resultados sempre interessantes.
Seja o que for, os temas humanos da obra de Suassuna - como a cobiça e a ganância diante da miséria, o amor superando classes sociais (este enxertado artificialmente para efeito dramático extra), o preconceito, o medo diante da morte e a fé religiosa - chegam intactos e despertam enorme empatia junto ao público, prova de que o filme é ferramenta precisa de diálogo com o público.
A narração é tão clara, e os conflitos tão cristalinos, que resta torcer para que uma tradução inspirada faça o filme viajar o mundo e encantar estrangeiros com a sua linguagem extrema, na fala e no mostrar.