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'O Expresso Polar' cria uma nova linguagem

Katia Michelle Pires - Folha de Londrina
26 nov 2004 às 15:34

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Para que servem os atores? Depois de assistir a ''O Expresso Polar'', filme de Robert Zemeckis que entra em cartaz nos cinemas brasileiros, é provável que você pense duas vezes antes de responder.

O longa-metragem que leva para as telas a história do livro homônimo, assinado pelo norte-americano Chris Vann Allbus, inaugura uma nova era não só para o cinema de animação mas para toda a cinematografia mundial.

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É o primeiro filme que utiliza integralmente a técnica intitulada ''performance capture'', que capta os movimentos dos atores e cria inúmeras possibilidades sobre essa atuação.

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No filme, por exemplo, é possível que apenas um ator Tom Hanks, também responsável pelo produção executiva do filme ''interprete'' cinco personagens, de idades e caracterísicas físicas bem diferentes.

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Hanks vive o personagem principal de uma das histórias de Natal mais difundidas entre os americanos. Um garoto de oito anos, desconfiado da existência do bom velhinho, é convidado a subir em um trem que estaciona em frente a casa dele. Qual o destino? O Pólo Norte, oras, pois se trata do Expresso Polar.


Quem recebe o garoto é o condutor (também Tom Hanks) que leva crianças cuidadosamente selecionadas para uma viagem mágica e dinâmica que acontece na véspera de Natal.

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Já nas primeiras cenas, quando o espectador ainda está se acostumando com o realismo fantástico que a ''performance capture'' proporciona, uma cena ainda mais extraordinária acontece. Os passageiros do trem são servidos com chocolates quentes fumegantes por ágeis garçons dançarinos.


A partir daí, tudo pode acontecer. E acontece. O trem atravessa incríveis cenários rumo ao gelado continente e também apresenta os passageiros que acompanham o garoto sem nome. Um rapazinho solitário (com movimentos inspirados em Peter Scolari); Holy uma garotinha com espírito de liderança (Nona Gaye); um espevitado garoto sabe-tudo (Ediie Dezzen) e o andarilho (Tom Hanks), o passageiro clandestino de ''O Expresso Polar'', para citar alguns.

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Todos eles, exceto o andarilho, vão receber alguns ensinamentos importantes durante a trajetória. Nada muito maniqueísta, para o bem do filme. E depois de uma série de percalços que podem conquistar crianças de todas as idades, os aventureiros chegam ao destino final para encontrar o velho Noel (novamente Tom Hanks) e seu séquito de elfos malabaristas, em mais um festival de imagens surreais.


A produção custou nada menos que US$ 270 milhões de dólares, já incluindo estratégias de lançamento. Com tanto dinheito envolvido e com uma técnica inovadora em mãos, não é nenhuma surpresa a afirmação do diretor quando iniciou o processo: ''A boa notícia, é que qualquer coisa é possível. A má notícia é que qualquer coisa é possível'', disse. No material de divulgação do filme, Zemeckis ressalta ainda que ''O Expresso Polar'' inaugura uma nova geração no cinema.

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''Quando as pessoas virem 'O Expresso Polar' num cinema digital, não haverá filme, não houve filme em qualquer etapa'', diz. Para o diretor, é preciso mudar a forma como os filmes são imaginados e feitos. ''Será uma linguagem influenciada pela arte dos videogamens e pela internet, uma forma inteiramente nova do uso de imagens para a comunicação'', prevê para um futuro próximo.


Mas o diferencial de ''O Expresso Polar'' é que o filme não se encerra na imagem, como ''Final Fantasy'', por exemplo. O filme parte de uma história convincente, que pode tocar crianças e adultos. Este, aliás, cada vez mais interessados nos filmes de animação.

A questão é que toda a parafernália digital que transforma o filme num marco ainda não consegue substituir com fidelidade expressões humanas capazes de arrancar lágrimas também de quem está do outro lado da tela.


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