Pinguins têm alguns objetivos na vida: cantar e procriar. O segundo está inevitavelmente ligado ao primeiro. Se eles não ''cantam'' ou emitem um som muito especial e único que pode ser distinguido pelo parceiro entre milhares de cantorias, eles não procriam. E se não procriam... Então o que pode haver de mais importante para essa ave do que cantar?
Mano, um pinguim imperador que vive na Antártica sabe a resposta. Mas ele a descobre da pior maneira possível, já que nasce sem esse dom muito natural à espécie. Mano não canta, mas faz algo muito peculiar, capaz de deixar seus pais e amigos muito envergonhados: ele dança.
A história inusitada é o tema da animação ''Happy Feet, o Pinguim'', uma ótima surpresa nas estréias da semana. A direção é de George Miller, diretor, produtor e roteirista do já clássico ''Babe - O Porquinho Atrapalhado''.
Miller é também conhecido por outros dois filmes que dirigiu: ''O Óleo de Lorenzo'' e ''Mad Max'', mas fez muitas outras coisas. Sempre acumulando funções. Não é diferente em ''Happy Feet'', em que assina a direção, a produção além da parceria no roteiro.
O filme é uma delicada história de perseverança e superação. De como as diferenças podem ser trabalhadas e aceitas. Mano, o pinguim protagonista nasce com ''um defeito'', mas nunca o encarou como tal. O personagem originalmente duplado por Elijah Wood, ganha na versão em português voz do ator Daniel Oliveira.
Uma surpresa agradável (para quem deixar qualquer sombra de preconceito para fora da sala de cinema) é a dublagem de Sidney Magal (ele mesmo) para o guru Amoroso, que na versão original é duplado por Robin Williams. Nem precisa muita imaginação para ver a semelhança do cantor com o personagem. Uma coincidência, obviamente.
Mas vamos à história: Mano gosta de Glória, a melhor cantora de toda uma geração de pinguins, mas não será por sua voz que ele vai ganhar o coração da pretendente. Mano, porém, tem outras qualidades. Dança como um John Travolta em seus tempos de glória e, embora essa não seja uma qualidade para os pinguins, será o que vai salvá-los da fome futuramente. Para provar que não é essa sua diferença que está fazendo com quem os peixes desapareçam da região (numa espécie de presságio ruim) ele parte para descobrir o que está causando a fome de seus amigos e parentes. Conhece alguns amigos que não ligam para sua diferença e até a enaltecem.
Mas Happy Feet não se prende apenas em como lidar com as diferenças, mas também é um alerta muito sutil e necessário para a urgente preservação de algumas espécies ameaçadas. Com sua dança, Mano consegue chamar a atenção de todo mundo para a escassez de comida dos pinguins, causada pela pesca exagerada dos humanos. Acontece na ficção, mas pode servir como inspiração na vida real. Não custa sonhar.