''Nação Fast Food'', filme lançado em 2006 nos EUA, mas só agora em cartaz nos cinemas de Curitiba, opta pela ficção para tratar de um tema não exatamente novo, mas certamente válido: o lucro e a lógica do mercado acima de qualquer outra coisa, incluindo aí a saúde pública.
O ponto de partida é quando um dos funcionários do alto escalão de uma rede de fast food é incumbido de descobrir se de fato a carne de hambúrguer servida nas lojas da empresa apresenta uma quantidade anormal de coliformes fecais, supostamente dos animais levados ao corte.
A tese é comprovada e o funcionário da rede ainda descobre que a fornecedora da carne de hambúrguer explora a mão-de-obra de homens e mulheres mexicanos que ilegalmente atravessaram a fronteira em busca de trabalho.
Mas, ingenuamente horrorizado com a situação e até em princípio disposto a delatar o crime, o mesmo funcionário percebe que não se trata apenas de um problema pontual e que a conivência do seu próprio chefe com a situação o impede de tentar mudar as regras do jogo.
Mas o filme não acaba aí. Há ainda um grupo de jovens, tão ingênuos quanto o tal funcionário, que arma sem sucesso um plano para boicotar a fornecedora de carnes. ''Por que na vida real os maus sempre vencem?'', diz uma das jovens, interpretada pela cantora Avril Lavigne (!).
Ou seja, tudo leva a crer que não há quase nada a fazer. E o diretor (Richard Linklater, o mesmo dos díspares "Escola de Rock", "Waking Life" e "Antes do Amanhecer") prefere mesmo ficar ali, de mãos atadas, e sem arriscar qualquer relação real entre consumidores (também o grupo de jovens ''rebeldes'' e o próprio funcionário) e o ''sistemão''. A carência de complexidade, portanto (misturada por uma boa dose de lentidão narrativa), acaba afetando o mote do filme, também apenas bem intencionado.