Na gênese desta franquia cinematográfica financeiramente bem-sucedida, graficamente muito violenta e naturalmente limitadíssima do ponto de vista artístico, está a popular série de videogames criados no Japão em 1996 pela CapCom para o PlayStation.
Na frente da telinha os jogadores têm que manejar armamento pesado contra contagiosos zumbis canibais e outras mutações monstruosas criados por uma corporação high-tech (Umbrella Corporation), multinacional ''do mal'' (vale a redundância ?) que infectou humanos e animais com uma variedade de vírus geneticamente modificado.
A maior preocupação dos gestores destes filmes sempre foi buscar aceitação do público que não fosse tóxico-dependente, ou usuário dos games na telinha. De fato: você não precisa ser vídeo-adito para compreender ''Resident Evil: Extinção'', mas com certeza ter assistido aos dois primeiros filmes (RE: O Hóspede Maldito e RE: Apocalipse) ajuda bastante o não iniciado.
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Este ''Extinção'' que invade parte considerável das salas brasileiras, entre todos, é o que oferece argumento menos previsível, mas você pode seguramente esperar uma elevada quota de cinema empapado em sangrentas e frequentemente nauseantes porções.
A trama se localiza numa terra devastada pela epidemia de zumbis, que vagam sem rumo enquanto a tal Umbrella busca uma cura para o mal que ela mesma disseminou há cinco anos - embora de fato não pareça que cientistas e executivos da corporação se importem muito com a humanidade, já que bilhões morreram ou são mutações genéticas.
Como nas duas produções prévias, a heroína Alice (Mila Jovovich) é uma ex-agente de segurança da Umbrella. Também ela sofreu alterações genéticas, e agora é uma super-poderosa dotada de força física e mental capaz de manejar campos magnéticos. Ou algo do gênero telequinético. A moça é também uma performática letal no quesito artes marciais do tipo acrobático. Além, claro, de contar com arsenal de fogo pesado.
Aqui ela vaga pela vastidão desértica dos Estados Unidos de uma maneira muito semelhante àquela de outra série, muito melhor, que colocou o Mad Max/Mel Gibson como sobrevivente numa terra arrasada pós-hecatombe nuclear.
Depois de evitar seus amigos por longo tempo, Alice agora se reúne com aliados sobreviventes num comboio de refugiados não infectados que buscam uma saída segura para o Alaska, espécie de ultimo santuário. Mas o malévolo Dr. Isaacs (Iain Glen) prepara uma armadilha perto de Las Vegas utilizando uma variação muito especial de zumbis especialmente treinados.
Top model, cantora e atriz, a bela ucraniana Mila Natasha Jovovich novamente desfila muito mais corpo que personalidade, mas é somente isto que o papel de Alice requer, ação física com a profundidade psicológica de um pires.
Ela não tem qualquer culpa, por exemplo, da falta de originalidade do filme, que suga boa parte de seu discreto alento de ''Dia dos Mortos-Vivos'' , que George A. Romero, o mais requintado chef da gastronomia zumbi, realizou em 1985. E nem da falta de engenho - o velho conceito do nomadismo no deserto, explorado à exaustão pelo ''cinema de sobrevivência''. Mas afinal o diretor Russel Malcahy, do primeiro e melhor ''Highlander'', consegue que ''Extinção'' seja superior aos dois filmes anteriores, dando aos personagens motivos e consequências um pouco mais lógicas. O final ambíguo promete nova invasão de zumbis.