Estreias

Massagem no ego e na alma

01 abr 2001 às 19:46
No salão de estética ‘Vênus’, três profissionais da beleza afagam o ego alheio e de quebra aplicam cremes rejuvenescedores. As esteticistas do filme ‘Instituto de Beleza Vênus’, vencedor de quatro Prêmio César, tentam com dedicação quase religiosa retardar o processo de envelhecimento das delicadas clientes. A roteirista e diretora francesa Tonie Marshall encontra nesse santuário dedicado à beleza o local ideal para discutir as formas diferentes de se lidar com a solidão.
AngSle, Maria e Samantha ouvem histórias e queixas diariamente. AngSle (Nathalie Baye), 40 anos, inválida sentimentalmente, não consegue manter um relacionamento duradouro e corre atrás de encontros furtivos e passageiros. Ela necessita de amor, mas não se permite amar. Um escultor se apaixona violentamente por AngS le, há um mal-estar evidente. No primeiro encontro, ele dispara para a amada: ‘Você tem uma cara de que não está em paz. É isso que me atrai’.
Uma lição dos franceses nesse filme pode ser aprendida na maneira franca e direta como os relacionamentos acontecem, sem máscaras. Nadine (Bulle Ogier), proprietária do Instituto, dispara para Samantha (Mathilde Seigner) durante um dia normal de trabalho: ‘As vezes você é antipática’. A outra imediatamente responde: ‘A recíproca é verdadeira’.
A direção de arte do filme faz interagir cores quentes e frias, dialogando com os sentimentos das figuras exóticas que se alternam no salão. Um detalhe que faz a diferença: a campanhia do ‘Instituto de Beleza Vênus’ soa como se as clientes entrassem num local mágico. Existencialista sem ser discursivo, a grata surpresa desse filme se deve à direção de Tonie Marshall, que põe à flor da pele toda a sensibilidade de mulheres à beira de um ataque de nervos à francesa. Para segurar o giló da vida, a cantora Maysa dá tom da melancolia na canção ‘Manhã de Carnaval’. (Cult Filmes. Duração: 105 min).

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