'A Vingança é um prato que se come frio - provérbio Klingon'. Com estes dizeres se inicia 'Kill Bill, Volume 1', já trazendo o tom de ironia que marca todo o filme. Aliás, ironia sempre foi uma característica marcante dos filmes dirigidos por Quentin Tarantino, além da narrativa fragmentada, da violência em altas doses, da trilha sonora preciosa, do cuidado estético, do resgate de atores esquecidos e das muitas referências à cultura pop (no caso da frase inicial, à série 'Jornada Nas Estrelas'). Só faltaram os diálogos inquietantes, mas todo diretor tem o direito de mudar, não é mesmo?
Fanático por filmes de ação das décadas de 60 e 70, como os policiais, os faroestes, as produções blacksploitation e os filmes de kung fu, Tarantino encontrou em 'Kill Bill' uma maneira de homenagear esta última categoria. Ele traz a história de uma noiva (que não tem seu nome revelado durante todo o filme, mas é vivida pela atriz Uma Thurman) que teve seu casamento invadido por seus até então colegas de um grupo de kung fu, a mando do mestre Bill.
Todos os presentes na cerimônia foram dizimados, com exceção da noiva, que sobreviveu apesar da grande surra e de um tiro na cabeça. Após 4 anos em coma, ela acorda do sono profundo e sai à procura de vingança. Para iniciar, ela viaja ao Japão, onde encomenda uma espada samurai, confeccionada pelo maior mestre desta arte. De posse do poderoso brinquedo, ela sai em busca dos cinco responsáveis por sua tragédia para matá-los. Seguindo a hierarquia oriental, ela deixa o mestre Bill para último.
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'Kill Bill' deveria ser um filme único, porém o diretor pecebeu que ele iria ficar muito longo, então Tarantino o fragmentou em duas partes - o volume 2 estreou nos Estados Unidos na semana passada, encabeçando o primeiro lugar de bilheteria do fim de semana. Nesta primeira parte, a noiva elimina duas de suas vítimas. Para o próximo filme serão três.
O cuidado estético do filme é de encher os olhos. A combinação de cores é muito bonita, a começar pelo uniforme de luta da noiva, um macacão amarelo tal qual o que Bruce Lee usou no filme 'Jogo da Morte'. Há ainda cenas em preto e branco e em desenho animado ao estilo mangá.
Tanto em desenho quanto em carne e osso, os personagens esguicham sangue em grandes quantidades quando são perfurados pelas espadas, um exagero trash que cabe muito bem neste filme. Numa das cenas mais longas, a noiva enfrenta um exército de 88 lutadores armados de espadas. Conta-se que foram usados 100 galões de sangue cenográfico para esta cena!
>> Leia a crítica de Alessandro Andreola