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Fantasmas inquietantes e sugestivos

Carlos Eduardo Lourenço Jorge - Folha de Londrina
26 ago 2005 às 17:25

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- Divulgação
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Estreando no gênero – qualquer ator ou atriz, cedo ou tarde, paga tributo e às vezes mico –, a talentosa Kate Hudson vive personagem único: ela quase certamente é a única mulher americana aí pelos 25 anos que não é portadora de um celular. O filme é ‘A Chave Mestra’.

Claro que o detalhe é irrelevante, caso contrário não haveria suspense, perigo, horror e conseqüentemente nada de filme. Mas o filme existe, e é bom entretenimento, carregado de estilo e portanto merecedor de crédito.

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Tem autenticidade de fato e não fica apenas nas intenções, além de boas performances. Caminha muito bem por grande parte do caminho, até sucumbir em meio a alguns absurdos ali pelo ‘ultimo ato, quando se instala uma espécie de vale tudo.

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A trama se situa nos tenebrosos bosques que circundam New Orleans, mais precisamente numa mansão em que claustrofobia é elogio. Atraída por um salário bem acima de tentador, ao local chega uma enfermeira, Caroline (Hudson), contratada pela senhora Violet Devereaux (a grande Gena Rowlands) para cuidar do marido doente, Ben (John Hurt).

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Não demora muito para a recém-chegada concluir que o casal oculta cuidadosamente algo estranho e macabro. De posse de uma chave mestra, e sempre às escondidas, a bisbilhoteira Caroline vai abrindo uma a uma as portas do casarão.


Até que descobre um nicho oculto no sótão que guarda terrível segredo fortemente condimentado por vodu e dimensões paralelas, nada muito agradável para transeuntes que se aproximam em demasia.

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O diretor Iain Softley transita com desenvoltura no universo de ‘hoodoo’, uma religião popular do sul dos Estados Unidos que combina crenças do vodu, cristianismo, praticas botânicas indígenas e folclore europeu. Um coquetel e tanto. É este ambiente sincrético de conjuras, feitiçarias, palavras mágicas e forças sobrenaturais que vai assombrar a enfermeira Caroline.


Esta, por sua vez, suporta bravamente as provações que o cinema impõe a este tipo de heroína que, além de bonita, é sempre muito corajosa ou muito burrinha para meter o belo narizinho onde não é chamada.

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Mas também aqui entra em cena o efeito celular já referido acima: sem curiosidade excessiva da personagem ou sem destemor, tudo seria muito insosso e sem propósito.


Distante da vertente mais explícita do gênero, que expõe vísceras e monstros quase como obscenidades, ‘A Chave Mestra’ está bem mais próximo da linha traçada por Roman Polanski em ‘O Bebê de Rosemary’ – o casal arrepiante traz ressonâncias daqueles diabólicos vizinhos de Mia Farrow, há quase 40 anos.

Por isso, o apelo mais simpático do filme não está no argumento, mas em sua atenção ao detalhe e na maneira como o diretor Softley mergulha nos sons e imagens da Louisiana, extraindo deste entorno elementos sólidos para sugerir e criar climas e atmosferas de tensão e medo. Um filme recomendável.


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