Estreias

Dois prá lá, nenhum prá cá

16 jun 2006 às 17:25

A vida do professor de dança de salão Pierre Dulaine foi a desculpa para o cinema criar uma nova história sobre adolescentes problemáticos no lado mais sujo de Manhattan.

Supostamente baseado em fato real - oportunismo discutível, já que o verdadeiro Dulaine dava aulas a garotos da escola fundamental -, o filme retoma aquele espírito do bem sucedido ‘Mentes Perigosas’, realizado em 1995 por John Smith, mas de maneira bem mais edulcorada.


Ou se quiserem ir mais longe no tempo, o quarentão ‘Ao Mestre com Carinho’ poderia servir de parâmetro. Ou o cinquentão ‘Sementes da Violência’, de Richard Brooks.


O objetivo do professor vivido por Antonio Banderas em ‘Vem Dançar’, em lançamento nacional no país, é dar aos jovens marginais uma oportunidade que normalmente não teriam. E ao mesmo tempo oferecer a eles noções de respeito, bons modos e esperança.


Ainda que também demonstrando problemas, ‘Mentes Perigosas’ era bem mais coerente com a rispidez do mundo que representava. Já ‘Vem Dançar’ deixa uma série de tramas sem conclusão e não poucas incongruências dramáticas no contexto em que se movem os personagens. O roteiro é previsível em alto grau, além de estereotipado e inverossímil.


Os maiores pontos de atração de ‘Vem Dançar’ são o entusiasmo de Banderas, dançarino muito melhor do que cantor (alguém já se esqueceu de ‘Evita’?), e a trilha musical com as conseqüentes coreografias. Trilha que mescla ritmos clássicos e contemporâneos, refletidos desde logo com o remix hip hop da versão clássica de ‘I Got Rhythm’ cantada por Gene Kelly em ‘Um Americano em Paris’. A diretora de videoclipes Liz Friedlander fica a meio caminho entre o que ensina o professor e as transgressões e inovações da garotada.

O problema é que a força de atração da trilha musical e uma certa magia causada pelo envolvimento visual do salão de baile não são capazes de dar consistência a uma história que se recusa a ser mais original do que é de fato. Fica a impressão muito incômoda de que é preciso tirar daqui uma lição de moral, a qualquer custo. E ele é muito alto.


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