É assim que a coisa funciona com este ''Medo.Com.br'', invadindo as telas brasileiras - de cinema, não de PCs. Enquanto as pessoas lá no filme parecem mortalmente aterrorizadas, o pessoal cá na platéia despenca mortalmente entediado.
O filme é uma falência em todos os setores. A fotografia é escura e granulada, não por estética assumida, mas por ruindade mesmo, enquanto a iluminação é imersa em sombras sem nada de artístico. Pior de tudo: o diretor William Malone não consegue instalar terror na platéia pelas vias tradicionais, assim ele opta pela via do desespero. Como? Pelo desconforto e pelo constrangimento, ameaçando mostrar a qualquer momento, cenas extremadas de tortura.
O ''FearDotCom'' de que trata o título original (a tradução brasileira ganhou um br., talvez para garantir um terror mais tupiniquim...) é o título de uma página de Internet que anda fazendo estragos entre os usuários. Todos que abrem a tal página acabam morrendo em pouco tempo, em estranhas circunstâncias.
Leia mais:
Das estrelas ao fundo do mar: confira as estreias nas telonas neste mês de maio
Trailer de nova animação Disney traz Buzz Lightyear com a voz de Marcos Mion
Filme Kingsman 2 - O Círculo Dourado tenta repetir sucesso
Nova série do Star Trek mostra a luta pela paz no mundo
Para esclarecer os fatos, entra em cena uma dupla de policiais (Stephen Dorff e Natascha McElhone), que acaba entrando no endereço eletrônico, claro que sofrendo as consequências. Quem está por trás das mortes é um serial killer nada virtual, alguém que regularmente transmite seus crimes pela Internet.
Não se divulgaram os snuff-movies, com pessoas sendo mortas de verdade na frente das câmeras, de cinema ou de vídeo? Pois agora chegou a vez dos snuff-emails, ou seja lá que nome dar. E que ninguém pense, por esses dados, que o roteiro se dá ao trabalho de uma pálida reflexão que seja sobre esta mortífera invasão de privacidade. Nem mesmo em tom de discurso pseudo-filosófico.
Filmes de horror podem ser canibais na essência, constantemente devorando e regurgitando sua própria história. Os problemas de verdade aparecem quando um desses jatos de vômito é despejado sobre a cabeça do espectador repleto de detritos de outros filmes não devidamente reprocessados.
Temos aqui, à escolha, excertos da sucção estilo 'Videodrome'' de David Cronemberg, a sucção variante ''Poltergeist'' de Tobe Hopper, a sucção estilo ''The Ring/O Círculo'' (a versão original de Hideo Nakata), e por aí vai...
De tão ruim é até engraçado ver o até então bom Stephen Rea no gênero ''cientista-maluco"'' quase na linha Hannibal Lecter. Natascha McElhone diz suas linhas de diálogos como se estivesse lendo testes oftalmológicos. E o outro Stephen, o Dorff, parece tão embaraçado. Como sempre, aliás.