Curitiba - Começa então uma nova onda de adaptações de quadrinhos para as telas dos cinemas. Quem dá a largada é o rabugento John Constantine, protagonista da série mensal ''Hellblazer'', o bruxo moderno mais querido dos leitores, que chega agora aos cinemas do circuito nacional. E, diferente das outras produções anteriores da Warner Bros. (detentora dos direitos de todo o material da DC Comics, como Mulher Gato), ''Constantine'' supera expectativas e enche de esperança quem aguarda mais do universo adulto dos gibis em Holywood nos próximos anos.
O filme é dirigido pelo até então desconhecido Francis Lawrence, que só tinha experiência com videoclipes (de bandas como Aerosmith), e tem no elenco Keanu Reeves (Constantine), a bonitinha Rachel Weisz (Angela Dodson/Isabel) e o vocalista da extinta banda Bush, Gavin Rossale (Balthazar), entre outros. A história segue a temática horror/noir das revistas. A detetive Angela Dodson pede a ajuda do ocultista John Constantine para desvendar o mistério por trás do aparente suicídio da irmã. No caminho acaba descobrindo um segredo fatal entre o Céu e o Inferno, ainda mais para Constantine, que tem pouco tempo de vida por causa de um câncer no pulmão.
É quase impossível não refletir a respeito da polêmica escalação de Reeves para o papel. Depois de sete anos de demora na conclusão de um roteiro decente, a Warner decidiu escalar um ator americano e de apelo razoável com o público, ao invés de um inglês parecido com o Sting, figura de onde Alan Moore baseou o personagem dos quadrinhos. Entretanto, Reeves, em uma participação razoável e honesta, felizmente acabou em segundo plano, já que Constantine, se não está em seu visual, vive em seus trejeitos, na indiferença com o sobrenatural, no humor negro e, claro, nas centenas de cigarros que acende.
O filme cumpre a promessa de um boa aventura sobrenatural, com muito exorcismo, demônios, artefatos sagrados e uma Los Angeles povoada por anjos e demônios -os mestiços (half-breeds)-, em meio à interminável batalha entre o Céu e o Inferno. Se por um lado Chas (Shia Labeouf), o melhor amigo de Constantine, vira um mero pivete sidekick, o poderoso bruxo Papa Midnite (Djimon Hounsou) e o Satanás (Peter Stormare) fazem aparições empolgantes.
Talvez o maior mérito de Lawrence tenha sido pincelar momentos brilhantes do Constantine das revistas durante o filme todo e, principalmente, no final. Assim, não só trouxe a essência do personagem ao grande público como também agradou/acalmou/seduziu os fãs dos quadrinhos, gradativamente, até a satisfatória conclusão, digna das páginas de ''Hellblazer''.
Com ''Constantine'', o selo Vertigo/DC Comics, finalmente chegou aos cinemas, que logo deve ter também ''Sin City'', ''V de Vingança'', ''Morte'', ''Watchmen'' e, por que não, Constantine contracenando com o Monstro do Pântano e Sandman. Inicia aqui o mundo politicamente incorreto e adulto dos quadrinhos na sétima arte, um universo onde nenhum X-Man ou qualquer super-herói de roupa colante multicolorida sobreviveria por muito tempo. Que o diga o próprio Constantine. Ah, a propósito, vale a espera pelo final dos créditos. John Constantine é esperto, porém incorrígivel, como poderemos ver na sequência, já engatilhada para os próximos anos.
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