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'Colateral' traz Tom Cruise estreando bem como vilão

Carlos Eduardo Lourenço Jorge - Folha de Londrina
27 ago 2004 às 02:28

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Com bom rendimento interpretativo, Tom Cruise vive um assassino profissional numa história de arquitetura sólida - Divulgação
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E quem disse que são apenas dejetos, aquilo que Hollywood expele às dezenas em cada nova temporada, entulhando e poluindo mercados dos quatro cantos do planeta, o nosso inclusive?

Pena que por mera coincidência e exceção dois ótimos trabalhos estão chegando a Londrina no mesmo final de semana para que se possa avaliar tipos de filme que enfatizam pontos importantes sobre a qualidade que ora se retoma no cinema americano. Os indícios são animadores.

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Parece que Hollywood está voltando a confiar no poder sugestivo de gêneros clássicos, o neo noir de muito boa configuração no caso de ''Colateral'', e o drama romântico no argumento proposto em ''Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças'', embora neste último a rotulação extrapole limites e visite outros territórios temáticos.

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A maior audácia de ''Colateral'', que está estreando no Brasil antes do lançamento europeu durante o Festival de Veneza, é a implacável inteligência na bem delineada construção de personagens, na arquitetura de uma história sólida e no trato de conflitos humanos que prescindem de transbordamento, evitando diálogos pomposos.

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De forma econômica e eficaz, os melhores recursos dramáticos e estéticos do cinema estão a serviço deste ''thriller'' que se recomenda sem restrições.


O argumento acompanha a sempre estressante jornada noturna de trabalho do taxista Max (Jamie Foxx) em Los Angeles. Em meio ao desgaste, ele há muitos anos sonha um dia abrir sua própria empresa de táxis.

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Os clientes gostam dele pelo nível cultural e honestidade, e ainda pela incrível habilidade para enfrentar (e driblar) os engarrafamentos em LA. Mas as coisas vão mudar na vida dele. Quem de repente entra no táxi é Vincent (Tom Cruise), homem bem vestido na linha executivo que lhe oferece bom dinheiro pelo aluguel dos serviços por toda uma noite, que afinal se revelará fatídica.


O que Max logo vai saber, por acaso, é que Vincent é assassino profissional com a tarefa de executar cinco testemunhas contra um narcotraficante colombiano (Javier Bardem), em pontos diferentes da cidade. E como motorista contratado, Max se dá conta de que se tornou cúmplice nos diversos homicídios. E que deve cair fora da armadilha seja como for, e o mais rápido possível.

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Embora não reeditando a complexa relevância social de ''O Informante'', o diretor Michael Mann reafirma o talento e as habilidades que o colocaram na contramão dos blockbusters vazios e barulhentos.


São dois universos antagônicos que o roteiro sustenta com bravura: o do exterminador frio, minucioso, ascético, e o do taxista bom caráter, otimista e afável. Cada um deles chega ao espectador carregado de lógica própria, obsessões e códigos de ética, traços que recheiam as respectivas humanidades. E com o concurso de dois fotógrafos de elite (Paul Cameron e Dion Beebe), o estilista Mann cria um suspense de grande impacto, extraindo o melhor de uma desconhecida Los Angeles noturna.

Não faltam as cenas de ação, necessárias e contundentes; mas acima de tudo ''Colateral'' se propõe esgotar a relação entre os dois personagens, o que realiza com êxito. Nas mãos de um diretor adequado, Tom Cruise pode render muito acima da média habitual. Aqui ele é ator e não estrela, numa construção sutil, misto de frieza e dinamismo. Jamie Foxx é o contraponto ideal na obtenção de humor e tensão na medida certa.


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